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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Mercenários mortos, propaganda e as ameaças de novas guerras

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FONTE:DN

A 17 de junho a Rússia garantia que 19 portugueses tinha sido mortos em combate. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse, na altura, não ter registo de mortes. Esta terça-feira, Moscovo atualizou o número: 20.

140 dias depois, as tropas de Moscovo conquistaram uma faixa de território ucraniano com quase mil quilómetros por 100, de Kherson à zona Leste de Kharvik. Para o bloqueio total da Ucrânia ao Mar Negro resta uma linha costeira de quase 300 quilómetros, pelo meio fica Odessa.

A resistência ucraniana, segundo as imagens de satélite do Institute for the Study of War, está concentrada em três pontos: a Sul, na zona de Mykolaiv (quase 200 quilómetros de frente de batalha); mais a Leste, perto de Donetsk (uma linha de defesa com 100 quilómetros); e mais a Norte, em Kharvik, zona onde a Ucrânia foi recuperando terreno e construiu uma frente de resistência com cerca de 200 quilómetros.

O dia ficou marcado pela alegada destruição de um depósito russo de munições em Nova Kakhovka [zona ocupada pela Rússia perto de Kherson], pelo anúncio da morte de 275 “mercenários” europeus ao serviço da Ucrânia, pela promessa iraniana de fornecer drones à Rússia, pelos 13,8 mil milhões de euros de ativos russos congelados pela União Europeia, pelo “aviso” do líder bielorrusso de que o “ocidente tem planos estratégicos para atacar a Rússia” e pela promessa de um encontro, hoje em Istambul, entre Turquia, Ucrânia, Rússia e uma delegação das Nações unidas para a “transferência segura” dos cereais ucranianos para os mercados internacionais.

Depósito de armas ou um armazém de fertilizantes?
As autoridades ucranianas garantem ter bombardeado unidades militares russas e um depósito de munições em Nova Kakhovka, matando 52 militares. O ataque foi realizado com lançadores múltiplos Himars dos Estados Unidos.

As autoridades russas de ocupação na região de Kherson dizem que o “ataque deliberado, violento, cínico com mísseis de alta precisão (…) um ato de terrorismo” atingiu “armazéns, lojas, uma farmácia, bombas de gasolina e até uma igreja”, mas nem um único alvo militar. O que explodiu, asseguram, foi um armazém de fertilizantes minerais” porque “não há alvos militares aqui”.

A diferença nos relatos também se reflete no número de vítimas. O chefe da administração militar-civil instalada na zona pelas forças russas fala em “sete mortos e cerca de 60 feridos”, mas admite que “número [de vítimas] vai aumentar, porque a extensão dos danos é enorme (…) Estamos a tirar as pessoas dos escombros (…) é uma tragédia”.

Há várias semanas que o exército ucraniano força uma contraofensiva naquela zona.

A morte dos mercenários
O ministério russo da Defesa contraria as informações da Kiev que diz ter o apoio de quase 20 mil “combatentes estrangeiros” no ativo, a maior parte europeus, e reduz o número para 2700 “mercenários”. E desses, só nas últimas três semanas, 275 foram abatidos em combate.

No briefing diário, o porta-voz russo – “sem apresentar nenhuma evidência”, como realça o The Guardian – alega que foram mortos 166 polacos, 50 “soldados da fortuna” da Geórgia”, 23 mercenários britânicos, 21 romenos e 15 canadianos. No final da tarde, a Lusa refere a existência de um português.

“Mercenários” que terão sido mortos em dois distritos de Kharkiv e em Chasiv Yar.

A meio de junho, o exército russo dizia que cerca de 7 mil “mercenários estrangeiros” de 64 países tinham entrado na Ucrânia, que quase 2 mil tinham sido mortos pelas tropas russas e outros quase 2 mil “tinham saído”. A maior parte, assegura Moscovo, vieram da Polónia, Roménia e Reino Unido.

O Ministério russo da Defesa, nesse comunicado, dizia até que havia 68 “mercenários” portugueses a combater, que 16 já tinha deixado o terreno e que 19 já tinham sido mortos.

O ministério dos Negócios Estrangeiros português confrontado com esta informação informou só ter “registo de sete cidadãos nacionais que contactaram os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros informando da sua deslocação para a Ucrânia a título de “combatente voluntário”. Não há registo de mortes”.

Nos dados citados pela Lusa, a lista publicada no Telegram pelo Ministério da Defesa russo, 20 portugueses figuram como mortos, outros 20 como tendo fugido e 65 ainda a combater .

13,8 mil milhões de euros “congelados”
A informação divulgada pela Reuters, citando o comissário de Justiça da União Europeia, Didier Reynders, aponta para um bloqueio total de 13, 8 mil milhões de euros de ativos de oligarcas russos, outros indivíduos e entidades.

A lista atual inclui 98 entidades e quase 1160 russos, “mas uma grande parte, mais de 12 mil milhões de euros vem de cinco Estados membros”, disse Didier Reynders sem identificar os países em causa.

“O valor atual é muito grande. Precisamos de continuar, de convencer outros [Estados] a fazer o mesmo”, afirmou.

Na semana passada, na Conferência de Lugano, Volodymyr Zelensky, apelou aos países democráticos para aderirem ao plano de reconstrução da Ucrânia, e o primeiro-ministro Schmygal sugeriu que os bens russos congelados devem ser usados para cobrir parte dos mais de 718 mil milhões de euros que poderão ser gastos no plano de reconstrução do país.

Portugal vai ajudar na reconstrução de escolas na região ucraniana de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros de Kiev, anunciou na altura, no dia 5 de julho, o ministro da Educação, João Costa.

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