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Domingo, Novembro 24, 2024

Masfamu controla 941 mil idosos

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O Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (Masfamu) tem o registo de 18 lares e quatro casas-lares, em 12 províncias, e um total de 941 mil idosos em todo o país.

Quem o diz é a directora nacional para as Políticas Familiares e Equidade do Género do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Santa Ernesto, acrescentando que, nos referidos lares, foram reforçadas as medidas de biossegurança, devido à Covid-19.

Segundo Santa Ernesto, a situação do idoso em contexto da pandemia vai estar no centro das atenções das comemorações do Dia Nacional do Idoso, que se assinala hoje.

“Traçamos, nesta fase de pandemia, medidas para que os lares não sejam visitados por qualquer pessoa. Só entram os funcionários e, excepcionalmente, um ou outro visitante, por questões especiais”, referiu Santa Ernesto.

A directora nacional para as Políticas Familiares e Equidade do Género do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que falava à Rádio Nacional, garantiu que os lares têm sido assistidos com cestas básicas, bem como outros idosos das comunidades.

Durante o corrente ano, acrescentou, foram distribuídas 24.223 cestas básicas em lares e comunidades.
Santa Ernesto defende, entretanto, que o lugar do idoso deve ser no seio da família.

“Antigamente, eram os idosos que tomavam conta dos nossos filhos em casa. Eram eles que repassavam os conhecimentos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos vizinhos. Mas, hoje, há uma tendência de menosprezo ou colocando de parte o papel que os idosos desempenham”, sublinhou.

Dados do último censo, realizado em 2014, apontavam para a existência de 600 mil idosos em Angola, num universo de 25 milhões de habitantes.

Alguns idosos ouvidos pela Rádio Nacional clamam por mais apoio e respeito da sociedade.

“O nosso Governo devia fazer muito mais pelos idosos. Há muitos idosos a deambular por aí, num estado de total abandono. Não há respeito pelos idosos em muitas instituições e na via pública. Em bancos e hospitais os idosos deveriam ter prioridade, mas isso nem sempre acontece”, lamentou um idoso.

Outro idoso ouvido pela reportagem da RNA disse ser muito difícil sobreviver nessa fase de pandemia e defende mais programas e acções a favor dos idosos, subsidiados pelo Governo.

Abandonados pela família e parentes no Beiral

Kinfumo Josefe Paulo, 60 anos, foi abandonado à porta das instalações temporárias do Beiral, localizadas em Viana, no hotel Mucinga Zambi.

O idoso, que aparentava estar há muito tempo sem se alimentar, dada a debilidade física, ardia em febres.

Segundo o segurança daquela instituição, às 7 horas de ontem uma carrinha de marca Hilux aproximou-se, fez descer um senhor e seus pertences, dizendo que o mesmo foi encontrado na via pública.

Enquanto o segurança pedia para que aguardasse, o indivíduo subiu no carro e acelerou, deixando o mais velho. Depois de duas horas, medicado e alimentado, Kinfumo Paulo contou que foi deixado por um vizinho.

A história começou quando o seu filho, que responde pelo nome de Kinfumo Tony, arrendou a sua residência, localizada no bairro Bita Campo, tendo sido expulso, depois de regressar de um relacionamento frustrado.

Kinfumo Paulo conta que sempre trabalhou e há anos que está separado da mãe dos primeiros filhos, tendo tentado uma relação com uma mulher relativamente mais nova, com quem teve dois filhos.

A segunda mulher, refere, reclamava constantemente por falta de dinheiro para manter a casa, depois de estar aposentado, mesmo sendo professora. O idoso viu-se obrigado a regressar a sua casa, onde vivia um filho, que saiu de lá e arrendou o espaço.

Há mais de cinco anos, o senhor Joaquim, de 70 anos, foi deixado no Beiral pela filha, que alegou sentir que o mesmo envolvia-se sexualmente com ela, enquanto dormia.

Passados três anos foi levar a mãe, alegando que ela fazia-lhe mal à noite.
Segundo a assistente Fernanda Catarina, o Beiral controla 90 idosos, na sua maioria do sexo masculino.

Jornada de reflexão

Angola assinala hoje o Dia Nacional do Idoso, com uma jornada de reflexão, em todo o país, sobre o papel e os mecanismos criados para a sua protecção.

Promovida pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, a campanha decorre sob o lema “A protecção do idoso como garantia do envelhecimento saudável”, numa altura em que os velhos representam quatro por cento da população de Angola, estimada em mais de 30 milhões de habitantes.

Segundo uma nota do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, divulgada ontem, pela Angop, o actual momento, provocado pela pandemia da Covid-19, obriga a comunidade a desempenhar um papel na protecção do idoso, adoptando medidas de prevenção, como o uso de máscaras, o cumprimento do distanciamento físico e a lavagem frequente das mãos.

“As pessoas idosas correm um risco mais elevado de desenvolver doenças graves e morrer de Covid-19”, lê-se na nota.
Dados disponíveis indicam que, na Região Africana, mais de 17 mil pessoas, com mais de 60 anos, perderam a vida devido à Co-vid-19, o que representa mais de 50% das mortes provocadas pela pandemia.

A data surge como reconhecimento do papel intergeracional que representam e o contributo que podem prestar à Nação.
Estima-se que em Angola as pessoas idosas (com mais de 60 anos) representam cerca de 4% da população total.

Entende-se por pessoa idosa todos os indivíduos, de ambos os sexos, com mais de 60 anos.

O Masfamu pretende, de modo geral, reflectir em torno da importância do envelhecimento saudável, protecção contra a Covid-19 e o papel da pessoa idosa no seio familiar e nas comunidades.

Espera, igualmente, ver reforçada a consciência sobre a protecção da pessoa idosa, em tempos de pandemia, consciencializar a sociedade sobre a importância do envelhecimento saudável, disseminar hábitos da cultura ocupacional às novas gerações nas comunidades rurais e urbanas, bem como desenvolver actividades criativas e campanhas de informação e de educação para a promoção de uma imagem positiva da velhice.

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