O Presidente da República disse aos jornalistas estrangeiros em Portugal que o novo primeiro-ministro, Luís Montenegro, é “rural, imprevisível e exigente”.
Foi num jantar, esta terça-feira, com os correspondentes, no qual revelou ainda que “cortou relações” com o filho, devido ao seu envolvimento no caso das gémeas luso-brasileiras, avançou o Correio Braziliense.
“É uma pessoa que vem de um um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais”, descreveu Marcelo Rebelo de Sousa, citado pelo jornal brasileiro, afirmando que é por essa razão que Luís Montenegro “é difícil de entender”.
Comparando-o com o seu antecessor, António Costa, que “por ser oriental, era lento, gostava de informar, acompanhar e entregar”, Marcelo descreve Montenegro como alguém que é conhecido por tomar decisões de última hora. “Montenegro não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado.”
O Presidente da República revela ainda que a postura do primeiro-ministro faz lembrar “o antigo Partido Social Democrata”, que liderava sobretudo no Norte e Centro-Norte do país, enquanto que o PS liderava a Grande Lisboa, as áreas metropolitanas.
Marcelo destacou ainda a propensão de Montenegro para o surpreender diariamente com a sua “lógica imaginativa e tradicional de país”, o que, apesar de estimulante, se traduz em “muito trabalho” para o presidente.
A surpresa mais recente foi a escolha de Sebastião Bugalho, de 28 anos, para liderar a Aliança Democrática nas próximas eleições europeias, em junho, contrariando as expectativas de que o lugar seria ocupado por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto. “Foi totalmente improvisado, um segredo até o fim”, considerou o presidente.
De acordo com o Correio Braziliense, Marcelo contou também a forma pouco ortodoxa como Montenegro formou o seu Governo, em que “os ministros só foram convidados na manhã do dia em que a lista devia ser apresentada”, mantendo o processo secreto até ao fim.
Marcelo previu que a natureza de sigilo e improviso de Luís Montenegro continuaria a moldar a sua liderança, levando a mais surpresas e à adoção de uma personalidade de “político do silêncio”, reminiscente de uma era passada. “Ele é um grande orador, mas é um político à moda antiga. Vamos ver se conseguirá controlar o tempo, compatibilizá-lo com o governo, no meio da polarização.”