Tabu. Para o analista Marcelo, António Costa prepara a saída em 2023. Pode candidatar-se ao PE, ao Conselho da UE ou voltar nas presidenciais. O PR exigirá estabilidade até lá. À espera que a direita se endireite
Se ainda fosse comentador televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa teria dito no passado domingo que o Congresso do PS foi a confirmação de que António Costa não se quer recandidatar em 2023. “A minha análise é que ele não se recandidata”, partilhou Marcelo em Belém no rescaldo da reunião socialista que colocou na montra um friso de potenciais sucessores do líder.
E embora o primeiro-ministro nunca tenha garantido ao Presidente da República o que irá fazer, a convicção consolidada no palácio cor de rosa (e há muito antecipada por Marques Mendes, sucessor de Marcelo nos comentários dominicais) é de que Costa sairá no final da legislatura.
Na entrevista que há 15 dias deu ao Expresso, foi o próprio primeiro-ministro a admitir não se recandidatar e a alimentar o tabu, quando afirmou: “Decido em 2023 se me recandidato.” Mas na análise do Presidente não há tabu nenhum e as razões que levarão o chefe do Governo a anunciar em tempo útil a sua decisão prendem-se com desgaste pessoal e falta de perspectivas.
Independentemente de conseguir ou não um lugar na Europa, António Costa terá percebido que mesmo que consiga ganhar as próximas legislativas já não terá condições de governabilidade melhores do que as atuais e não estará disposto a manter-se refém de uma maioria que não se baste a si própria.
O PCP estará no limite do apoio ao Governo. E Costa dificilmente repetirá o feito de ser reeleito no partido com mais de 95% dos votos mantendo, simultaneamente, uma popularidade ímpar no país, sobretudo para quem está ininterruptamente há mais de 20 anos em funções executivas.