O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, nesta quarta-feira (21), no Vaticano, com o papa Francisco, que o alertou sobre a fragilidade da paz na véspera de uma cúpula em Paris sobre um novo pacto financeiro mundial.
Lula, de 77 anos, chegou na terça-feira à Itália em um giro que inclui também uma visita à França, onde se reunirá com seu contraparte francês, Emmanuel Macron, para discutir, entre outros temas, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE).
No Vaticano, Lula, que em janeiro foi empossado para seu terceiro mandato na Presidência, reuniu-se durante quase uma hora com o pontífice argentino, a quem deu de presente uma gravura do artista brasileiro J.F. Borges.
Segundo nota do Vaticano, os dois trocaram pontos de vista sobre “a situação sociopolítica da região” e discutiram “a promoção da paz (…), a luta contra a pobreza e as desigualdades, o respeito às populações indígenas e a proteção do meio ambiente”.
“Estamos em tempos de guerra e a paz é muito frágil”, disse Francisco a Lula, segundo um vídeo divulgado na conta no Twitter do presidente.
Em seguida, o papa deu a Lula um baixo-relevo em bronze.
Acompanhado da primeira-dama, Rosângela “Janja” da Silva, Lula também se reuniu com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e com a primeira-ministra, Giorgia Meloni.
O presidente seguirá viagem para Paris, onde participará, na quinta e na sexta-feiras, de uma cúpula sobre um novo pacto financeiro mundial, que visa a reformar a arquitetura das finanças globais para responder melhor aos desafios das mudanças climáticas.
Em entrevista transmitida na segunda-feira pela TV Brasil, o presidente Lula disse que vai aproveitar o encontro com Macron para “discutir a questão do Parlamento francês, que aprovou o endurecimento do acordo Mercosul-União Europeia”.
Está previsto um almoço entre os dois presidentes na sexta-feira, último dia da agenda de Lula na Europa.
O Mercosul — bloco integrado originalmente por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — alcançou, em 2019, um acordo com a UE após mais de 20 anos de negociações.
No entanto, o pacto não foi ratificado, devido em parte à preocupação gerada pelas políticas ambientais durante o mandato do então presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).
Em uma coluna publicada nesta quarta no jornal francês Le Monde, Lula se comprometeu, juntamente com outros 12 líderes, a adotar “medidas concretas” para uma “transição ecológica justa e solidária”.
Segundo o Itamaraty, o presidente brasileiro também vai se reunir com seu contraparte sul-africano, Cyril Ramaphosa, e com o presidente da COP28, Sultan Ahmed Al-Jaber.