Em comunicação pública, a Liga Guineense dos Direitos Humanos, pela voz do seu presidente, o advogado Augusto Mário Silva, pediu a “demissão imediata” do Ministro do Interior, Botché Candé, que controla a polícia, com a alegação de que este responsável governamental tem-se revelado incapaz de garantir segurança aos cidadãos guineenses.
Reagindo ao ataque esta segunda-feira, contra a ‘Rádio Capital FM’ que causou pelo menos cinco feridos, a Liga disse que é incompreensível que esta emissora tenha sido atacada duas vezes no espaço de um ano e meio e que o Ministro do Interior “não tenha feito nada”. A Liga entende que o Ministro Botché Candé tem que sair do governo, tendo igualmente pedido mais vigilância e mais segurança para os cidadãos guineenses, notando que “neste momento nenhum cidadão guineense tem segurança garantida”.
Por outro lado, o Sindicato dos Jornalistas da Guiné-Bissau aproveitou a conferência de imprensa da Liga dos Direitos Humanos para também repudiar o ataque à ‘Rádio Capital FM’. O sindicato pediu apoio da comunidade internacional e a protecção dos jornalistas, salientando que “neste momento a liberdade dos jornalistas da Guiné-Bissau está posta em causa”.
“Os profissionais da comunicação social têm de dizer basta. Nós somos jornalistas porque queremos e gostamos de fazer este trabalho, precisamos de protecção e segurança para fazer o nosso trabalho” declarou a dirigente do sindicato, Indira Correia Baldé, rematando que quem se sentir incomodado deve ir a tribunal.
Em relação àquilo que muita gente tem qualificado de “raptos”, as organizações da sociedade civil falam em pessoas que estão a ser convocadas para o Ministério do Interior sem que tenham sido ouvidas pela justiça. Dois jovens empresários foram levados esta segunda-feira para a sede do Ministério do Interior onde estão neste momento detidos.
Reagindo igualmente aos últimos acontecimentos, o PAIGC condenou esta terça-feira em conferência de imprensa o ataque contra a ‘Rádio Capital FM’. Por outro lado, o partido não deixou igualmente de se referir à inviabilização no passado fim-de-semana da realização de uma conferência de militantes das suas estruturas, na sequência de uma decisão judicial neste sentido. Ao considerar que “há uma clara intenção de impedir a realização do seu congresso”, o PAIGC pediu apoio da comunidade internacional para estancar esta situação.
Refira-se que isto acontece numa altura em que o país acaba de ser abalado há uma semana por um assalto contra o Palácio do Governo em Bissau que resultou em oito mortos. O Chefe de Estado guineense que se encontrava no recinto a presidir o conselho de Ministros na altura dos acontecimentos, qualificou o sucedido de tentativa de golpe de Estado que poderia ter elo com “gente relacionada com o tráfico de droga”.
Do fim-de-semana, o porta-voz do Governo disse que o ataque foi cometido por militares, paramilitares e que estarão igualmente envolvidos elementos rebeldes de Casamança, bem como “personalidades” não identificadas.
Este ataque condenado tanto a nível interno como a nível internacional levou a CEDEAO a decidir enviar em breve uma força de apoio à estabilização do país.