O Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), na província do Cuando Cubango, arrecadou, com o leilão de 6.914 peças de madeira mussivi, um valor de 200 milhões de kwanzas, segundo dados avançados ao Jornal de Angola pelo chefe de departamento, Domingos Afonso Ndedica.
A madeira apreendida por exploração ilegal, corresponde a 1.667,33 metros cúbicos, tendo leiloado 496,88 metros cúbicos a duas empresas da província do Cuando Cubango e 1.170,45 a uma empresa de Luanda e outra de Malanje.
Exportações
Ao todo, 17.457 metros cúbicos de madeira da espécie mussivi, girassonde, muvala e mucussi foram exportados durante a campanha florestal de 2020 na província do Cuando Cubango, com principal destino para a China, Vietname, Namíbia e África do Sul.
O chefe de departamento do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), Domingos Afonso Ndedica, explicou ao Jornal de Angola que neste momento não consegue quantificar o valor arrecadado com as exportações de madeira porque todos os emolumentos são pagos a partir de Luanda, onde são emitidas as licenças e guias de transladação, cabendo ao IDF passar a custo zero, os certificados de instância, consoante os documentos do Ministério da Agricultura.
Realçou que 57 empresas estiveram envolvidas na transportação dos 17.457 cúbicos de madeira, dos quais 16.037 são da espécie mussivi e 1.420 do tipo muvala, girassonde e mucussi, da província do Cuando Cubango para Luanda, Benguela e Namibe com o fim de exportarem a mercadoria para os principais mercados da China, Vietname, Namíbia e África do Sul.
Domingos Afonso Ndedica recordou que a madeira do tipo mussivi tem sido a mais procurada na província devido ao seu valor económico nos mercados da Ásia. Onde o metro cúbico que os chineses e vietnamitas compram dos garimpeiros de madeira a 35 mil kwanzas pode ser comercializado a 500 ou 600 dólares. As restantes marcas como muvala e mucussi são mais apreciadas na Namíbia e África do Sul.
Sublinhou que a campanha florestal 2020 no Cuando Cubango superou a expectativa, tendo em vista que houve um controlo rigoroso na saída da madeira em forma de prancha e serrada conforme a lei estipula, assim como os madeireiros cumpriram com todos os requisitos legais para o transporte do produto.
Domingos Afonso Ndedica informou que na campanha do ano passado não foram emitidas novas licenças de exploração de madeira, apenas foram cedidos certificados de produto de instância para aquelas empresas que ainda tinham concentrado nas matas e nos seus estaleiros vários metros cúbicos explorados em anos anteriores e que não conseguiram vender devido à suspensão da actividade.
Fez saber que neste momento o IDF apenas passa certificado de produto a 14 empresas que têm um volume de madeira do tipo mussivi nos estaleiros de 2.161 metros cúbicos, contra os cerca de 20 mil controlados anteriormente das campanhas de 2016 e 2017.
Campanha florestal 2021
Domingos Afonso Ndedica anunciou que cerca de 60 empresas foram cadastradas na província do Cuando Cubango para a presente campanha florestal 2021 que vai arrancar nos próximos dias e que se prevê cortar 15 mil metros cúbicos de madeira da espécie muvala, girassonde e mucussi. Referiu que uma equipa de engenheiros florestais trabalhou no princípio deste ano na província tendo avaliado as empresas com idoneidade técnica, financeira e administrativa para a obtenção de licenças de exploração de madeira.
“Neste momento, estamos a aguardar as licenças que são emitidas a partir de Luanda, para que as empresas possam começar a cortar a madeira, tendo em conta o atraso no arranque oficial da campanha florestal agendado no passado dia 31 de Maio”, disse. Domingos Ndedica fez saber ainda que a partir desta campanha florestal o IDF na província terá o controlo do valor arrecadado na exploração, transportação e exportação da madeira, tendo em vista que foi instalado nas suas instalações uma plataforma que conta com a parceria da Administração Geral Tributária (AGT), para o pagamento destes impostos.
Informou ainda que desde Janeiro deste ano até à presente data foram apreendidos cerca de mil metros cúbicos de madeira, com destaque para o mussivi que foram cortados ilegalmente nos municípios do Cuito Cuanavale e Cuchi. Acrescentou que no ano passado houve a apreensão de pouco mais de 1.200 metros cúbicos de madeira que foram também revertidos a favor do Estado e que serão leiloados.
Salientou que o governo do Cuando Cubango está a envidar esforços junto da direcção central do IDF para que toda a madeira apreendida por exploração ilegal possa ser usada nas obras do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) na região.