Os presidentes das comissões de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos pediram, nesta sexta-feira (17), a El Salvador, Costa Rica, Guatemala e Honduras que evitem que os empréstimos do BCIE “perpetuem a consolidação da ditadura” na Nicarágua.
O Banco Centro-Americano de Integração Econômica – fundado por esses países e pela Nicarágua – aprovou cerca de 3,5 bilhões de dólares em financiamento para iniciativas “a serem implementadas sob os auspícios do regime” do presidente Daniel Ortega e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, disseram o senador democrata Bob Menendez e o congressista republicano Michael McCaul.
Na tentativa de evitar isso, os legisladores americanos enviaram cartas aos presidentes da Costa Rica, El Salvador, Guatemala e Honduras pedindo-lhes que aproveitassem “sua liderança” como membros fundadores do BCIE “para garantir que os empréstimos do banco não perpetuem a consolidação da ditadura da Nicarágua”.
O financiamento deste banco multilateral “fornece uma tábua de salvação para o regime de Ortega-Murillo em um momento de crescente condenação global das violações dos direitos humanos na Nicarágua”, diziam as cartas.
Eles pedem aos presidentes que aumentem “a transparência e o escrutínio dos empréstimos” do BCIE à Nicarágua até que Ortega e Murillo “estejam dispostos a entrar em negociações que restaurem a governabilidade democrática, o respeito aos direitos humanos e um calendário livre e justo”.
Se Ortega e Murillo “não estão dispostos a permitir uma abertura política, será imperativo que seu governo use sua voz e voto para suspender o financiamento de seu regime criminoso”, acrescentam nas cartas.
Os legisladores americanos encorajam os mandatários a aplicar ao BCIE “políticas semelhantes” às impostas por Washington.
Os Estados Unidos tomaram medidas “para aumentar o escrutínio e reduzir o financiamento de instituições multilaterais que beneficiam diretamente o regime de Ortega-Murillo”, mas continuam a financiar “as necessidades humanitárias básicas do povo nicaraguense”, dizem eles.
Menendez e McCaul citaram “os ataques à democracia nicaraguense por parte do regime e sua crescente repressão aos dissidentes”, como a privação da cidadania de mais de 300 nicaraguenses e a condenação de 26 anos de prisão ao bispo Rolando Álvarez.
No comunicado, os congressistas citam um relatório de um grupo de especialistas da ONU, que acusa o governo da Nicarágua de cometer violações sistemáticas dos direitos humanos que constituem “crimes contra a humanidade”.
Eles também mencionam um comentário do papa Francisco em entrevista à mídia digital argentina Infobae. O papa fala do “desequilíbrio de quem dirige” a Nicarágua e diz que é como se quisesse “estabelecer a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura de Hitler de 1935”.