Kremlin suspeita das acusações de envenenamento do oposicionista Aleksei Navalny e não pretende acreditar na palavra de ninguém sobre o caso.
Em declaração a jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou:
“Em toda essa história tem muita coisa absurda, para acreditar na palavra de alguém. Por isso, não pretendemos acreditar só nas palavras de alguém.”
Segundo Peskov, “nesta situação está tendo muito mais perguntas do que respostas”, acrescentou.
Ainda ontem (17), o doutor em Ciências Químicas Leonid Rink, um dos criadores da substância Novichok, a qual teria alegadamente sido usada no “envenenamento” de Navalny, afirmou que, caso o composto químico tivesse sido aplicado contra ele, o ativista não teria sobrevivido.
Enquanto isso, a Rússia tem se esforçado por obter os resultados de uma perícia feita pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) a qual tenta determinar a causa do incidente com Navalny.
“Na verdade, a Rússia continua a realizar tais tentativas [de obter os resultados]. E a situação, de fato, é a seguinte: no secretariado técnico da OPAQ nos dizem: ‘Não sabemos de nada, entrem em contato com os alemães’. Já os alemães nos dizem que também não sabem de nada, para entrarmos em contato com a OPAQ”, declarou.
Peskov afirmou que a versão de envenenamento foi considerada pelos médicos inicialmente. Contudo, a falta de provas científicas não permitiu confirmá-la.
“Porque o fato de envenenamento implica a presença de substâncias tóxicas no sangue. No sangue do paciente não foram encontradas substâncias venenosas, nem em Omsk, nem nos laboratórios em Moscou”, acrescentou ele.
‘Envenenamento’ de Navalny
Em 20 de agosto passado, o oposicionista e ativista russo Aleksei Navalny foi hospitalizado após se sentir mal em um voo da cidade de Tomsk para Moscovo, ambas na Rússia.
Dois dias depois, Navalny foi transportado para tratamento em um hospital em Berlim, Alemanha, a pedido da família, onde posteriormente os médicos afirmaram que ele teria sido vítima de envenenamento pelo composto Novichok.
Ao longo da última semana, Navalny apresentou melhora de seu estado clínico após ter saído do coma induzido.
A melhora do oposicionista despertou dúvidas entre os cientistas sobre o suposto envenenamento, tendo em vista a alta letalidade do composto Novichok.