O Kremlin considerou hoje que a cimeira promovida pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre democracia, para a qual nem a Rússia nem a China foram convidados, visa “dividir” os países.
“Os Estados Unidos preferem criar novas linhas de divisão, dividir os países em bons, segundo eles, e maus, segundo eles”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa.
Biden convidou cerca de 110 países e territórios para uma cimeira virtual sobre democracia, a realizar em dezembro, entre eles os principais aliados ocidentais dos Estados Unidos.
Entre os grandes ausentes da lista de convidados, divulgada na terça-feira, figuram a Rússia e a China, os principais rivais geopolíticos de Washington.
Desde que assumiu o poder, em janeiro deste ano, o Presidente norte-americano não escondeu que considera os regimes de Moscovo e de Pequim como “autocracias” às quais as democracias se devem opor.
Outro ponto polémico está ligado ao facto de Biden ter convidado Taiwan, que os Estados Unidos não reconhecem como país independente, mas consideram um modelo democrático face a China, que considera a ilha como uma das suas províncias.
A primeira versão da “Cimeira pela Democracia”, uma promessa de campanha de Biden, decorre através da Internet a 9 e 10 de dezembro, antes de um encontro presencial um ano depois. É uma das peças centrais da política externa do Presidente norte-americano.
Os temas de tensão entre Washington e Moscovo multiplicaram-se nos últimos meses, apesar do desejo de apaziguamento demonstrado por Putin e Biden, quando se reuniram em junho em Genebra.
A mais recente divergência está ligada aos movimentos das tropas russas em redor da Ucrânia, cenário desde 2014 de um conflito entre Kiev e separatistas pró-russos no Leste.
Nos últimos dias, os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) manifestaram “preocupação” com o assunto.