Num ambiente tenso, os funcionários da rede de hotéis IU receberam, na sede das AAA, na terça-feira, 13, os trabalhadores do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos que descarregavam o seu mobiliário para as instalações onde passam a trabalhar, enquanto uma comissão do Cofre Geral da Justiça reunia com um grupo de funcionários dos hotéis.
A ocupação do segundo e terceiro andar do edifício sede das AAA, situado na avenida Dr. António Agostinho Neto, é resposta à solicitação do Cofre Geral de Justiça à Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com documentos a que o Expansão teve acesso, tendo em conta a carência de espaços para alguns organismos do Estado, a PGR autorizou a afectação dos imóveis apreendidos ao empresário Carlos Manuel de São Vicente.
Conforme o documento, denominado Termo de Conclusão, o edifício sede das AAA, situado na avenida Dr. António Agostinho Neto, será ocupado pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, designadamente, a Direcção Nacional de Identificação, Registos e Notariado e os seus serviços externos e o Guiché Único das Empresas.
O Arquivo Nacional e serviços externos da Direcção Nacional de Identificação Registos e Notariado terá a nova instalação no Centro de Sinistros do Grupo AAA, situada na avenida 21 de Janeiro. E o edifício AAA localizado na avenida Lenine servirá como novas instalações do Tribunal de Contas.
Os Edifícios AAA, as redes de hotéis IU Hotel e IKA Hotel, em todo o País, um edifício na Rua Amílcar Cabral, em Luanda, denominado IRCA, e 49% das participações sociais da accionista AAA Activos Lda. no Standard Bank Angola SA, tudo bens sob gestão do empresário Carlos São Vicente, foram apreendidos pela Procuradoria-Geral da República, em Setembro do ano passado, na sequência do processo contra o empresário por crimes de peculato, participação económica, tráfico de influência e lavagem de capitais.
Funcionários dos hotéis querem resposta do Estado
Passados sete meses, os funcionários dos hotéis têm encontrado diversas dificuldades para trabalhar e para receberam as suas remunerações. Os trabalhadores de Carlos São Vicente esperam do Estado uma decisão concreta sobre a situação da empresa, assim como dos salários. Segundo apurou o Expansão, da reunião entre os funcionários dos hotéis e a comissão do Cofre Geral da Justiça, ficou a garantia da solução do problema.
“Tivemos uma reunião com o Cofre Geral da Justiça que garantiu estarem a trabalhar no sentido de resolver as questões operacionais dos hotéis e os salários, porém já estamos nessas promessas desde o princípio do processo. “Chega um grupo diz que vão resolver, vem outro e diz a mesma coisa, vão resolver, mas não vimos nada até hoje. O nosso clamor é que o Estado resolva essa situação, porque no início do processo prometeram que não seriamos afectados”, queixam-se. À espera de uma resposta do Executivo estão 600 pessoas, o total de funcionários em todo o País. A rede era composta por 17 hotéis, quatro em Luanda e 13 nas demais províncias.