O antigo primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco, recorda José Eduardo dos Santos como um “grande Chefe de Estado” que salvaguardou a integridade nacional, embora tenha ficado “demasiado tempo” no poder.
“José Eduardo dos Santos é uma figura importante objectivamente, alguém que fica 38 anos à frente do Estado não é uma personalidade qualquer”, afirma Moco à VOA, ao discorrer sobre o consulado de Santos marcado pela “escola soviética”.
O antigo companheiro de Santos aponta que, durante o regime do partido único, o MPLA controlava o sistema, o que não aconteceu depois da abertura política, quando “o chefe passou a ser idolatrado, alguns aspectos deterioraram-se, durante esse período que foi glorioso para ele e sua família, mas corrosivo e desgastante”.
“Assim acabou o homem”, reconhece, no entanto que “foi um grande Chefe de Estado que conseguiu salvaguardar a integridade do país em tempos difíceis, no contexto da guerra fria, muito complicado, sim, mas fica o homem com muitos defeitos, principalmente o de se agarrar muito ao poder.
Marcolino Moco lamenta que Santos não tenha conseguido “criar uma plêiade de sucessores”, o que, segundo ele, não aconteceu na UNITA, onde “temos liderança, mas no MPLA temos essa pobreza, essa incapacidade de discussão dos problemas, continua-se seguir só a voz da uma só pessoa, como acontece com o actual Presidente”.
Aliás, Moco conclui que “este aspecto é atribuído à educação do partido do tipo soviético e também à incapacidade de mudança de quem está à frente do partido e do Estado durante muito tempo.
O antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos morreu nesta sexta-feira, 8, em Barcelona, onde estava internado desde 23 de Junho.