O Presidente angolano reconheceu que o país não tem uma comunicação social perfeita, destacou que a justiça deixou de julgar apenas ladrões de galinhas e garantiu que observadores internacionais serão convidados para acompanhar as eleições de 24 de Agosto, mas dentro do prazo legal.
Numa conferência de imprensa para a qual foram convidados 12 meios de comunicação social angolanos, nesta quinta-feira, 9, em Luanda, João Lourenço prometeu, caso for eleito, implementar um programa para combater a seca no sul do país.
Nos vários temas tratados, o Presidente defendeu a tomada de órgãos privados pelo Estado em “circunstâncias muito particulares e que estavam numa situação complicada” porque “tratou-se de uma recuperação de activos”.
No entanto, ele reiterou que o “Estado vai cumprir o que prometeu”, ao privatizar outra vez aqueles meios.
Questionado sobre a qualidade da imprensa, Lourenço reconheceu que o país “ainda não tem uma comunicação social ideal”, mas que Angola “tem uma boa comunicação social” de que “muito se orgulha”.
Justiça apenas para “ladrões de galinhas”
No capítulo da justiça, o Presidente começou por dizer que, anteriormente, ela “andou atrás apenas dos ladrões de galinhas” e que “era impensável que determinadas figuras se pudessem sentar na barra dos tribunais”.
Lourenço reiterou que os tribunais “têm muito mais independência e liberdade de acção, senão continuariam amordaçados pelo poder político que diria ‘não mexe aqui, não mexe ali’ ou ‘não mexe neste ou naquele'”.
Ao citar o caso da Casa Militar, em que o ministro e vários colaboradores foram afastados e estão a ser processados pelo Ministéro Público, Lourenço disse que “o caso não está esquecido, não está congelado, vai vir a público muito em breve e depois, seja o que Deus quiser”.
Observadores eleitorais
Na conferência de imprensa, o Presidente angolano foi também questionado sobre o desejo manifestado pela União Europeia de enviar observadores às eleições de 24 de Agosto.
João Lourenço disse que os convites serão enviados dentro do prazo legal, 30 dias antes do dia da eleição e que, segundo a lei, podem ser feitos pelo Presidente da República, pela Comissão Nacional Eleitoral, pelo Tribunal Constitucional ou pela Assembleia Nacional.
Ele sublinhou que não vale a pena estar com pressa, como a União Europeia que, “por razões que só eles podem explicar”, quer que esses convites sejam feitos já.
Seca no Sul de Angola
Quanto ao futuro, se for reeleito a 24 de Agosto, João Lourenço revelou que a sua prioridade é a “conclusão daquele programa ambicioso de combate à seca no sul de Angola”.
“Está estudado, está aprovado, está orçamentado, sabemos quanto tempo vai demorar a construção, vai custar 4,5 mil milhões de dólares, é muito dinheiro, mas vai salvar vidas. Já estamos no terreno, na mobilização desses recursos. O primeiro projecto já foi apresentado à sociedade… no Cunene… alguns já estão em execução, outros virão mais tarde”, afirmou.
Na conferência de imprensa, o Presidente abordou vários outros temas, como a adjudicação directa de milhões de dólares a empresas próxims do Governo e as manifestaçoes e greves realizadas no país.