Sete meses depois de ter sido segurado por António Costa com toda a convicção, demite-se o ministro das Infraestruturas, arguido na operação Influencer. O ministro sai assim de um Governo que permanece em funções até dezembro para a votação do OE.
“Comunico que apresentei hoje o pedido de demissão do cargo de Ministro das Infraestruturas ao Senhor Primeiro-Ministro”, pode ler-se num comunicado enviado pelo gabinete do Ministério das Infraestruturas.
O ministro anuncia que depois de “profunda reflexão pessoal e familiar” a decisão foi tomada para assegurar à família “a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito”.
“Apresentei este pedido de demissão após profunda reflexão pessoal e familiar, e por considerar que na minha qualidade de pai e de marido esta decisão é a única possível para assegurar à minha família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito”, acrescenta.
O dirigente socialista insiste ainda que esta demissão “uma assunção de responsabilidades quanto ao que pertence à esfera da Justiça”, em referência à Operação Influencer. No entanto, diz-se “totalmente disponível” para esclarecer qualquer dúvida judicial em relação ao seu desempenho das funções governativas.
João Galamba sublinha entender que as suas condições políticas para exercer o cargo “não estavam esgotadas” e destaca o seu trabalho enquanto Secretário de Estado da Energia, onde trabalhou “na trasição energética” para “assegurar as condições para que as matérias-primas críticas como é o caso do lítio”.
Como ministro das Infraestruturas, Galamba destaca o “desenvolvimento das vantagens competitivas de que o País dispõe ao nível da digitalização, descarbonização e industrialização dos seus portos comerciais”, bem como “medidas essenciais” para o fortalecimento financeiro e económico da TAP.
Em maio, depois da polémica em que surgiram queixas de agressões no Ministério e em que João Galamba foi acusado de querer mentir à comissão de inquérito à TAP, o ministro agora exonerado já tinha apresentado a demissão “em prol da necessária tranquilidade”.
O primeiro-ministro não aceitou na altura a demissão do ministro e segurou-o por considerar que este “não procurou de forma alguma ocultar qualquer informação” à comissão parlamentar de inquérito à TAP.
“Ser membro de um Governo é um cargo de elevada responsabilidade e a experiência de trabalho que tenho com o dr. João Galamba, ao longo de vários anos como secretário de Estado da Energia e nos últimos meses como ministro das Infraestruturas, não me permitem, em consciência, aceitar a sua demissão quando entendo que não lhe é imputável pessoalmente qualquer falha neste lamentável incidente”, afirmou Costa em maio, referindo-se à questão das queixas de agressões.
A decisão de Costa, que foi contra a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, acabou por apanhar de surpresa o próprio ministro, que, segundo o Observador, soube da decisão pela televisão, uma vez que na reunião que tinha tido com o primeiro-ministro naquele dia este não terá sinalizado o que pensava fazer.
Agora, João Galamba sai mesmo de um Governo em que o próprio António Costa é alvo de um processo-crime por parte do Ministério Público.