As dez casas que foram demolidas aquando da retirada da famosa grua do Prenda, que ficou instalada naquele bairro por mais de 40 anos, e que foi retirada em Maio último devido ao risco de colapso, começaram a ser construídas no mesmo local para o realojamento das famílias que foram convidados a abandonar as casas por três meses.
A constatação é do Novo Jornal que esta semana visitou o local e atestou que os trabalhos, a cargo da empresa Obra Prima, estão já na fase de levantamento das residências para que o regresso das famílias retiradas seja feito no período estabelecido pelo Governo Provincial de Luanda (GPL), que é de 90 dias.
A grua que tirava o sono às pessoas foi desmontada no dia 22 de Maio, 40 anos depois, para alegria dos habitantes dos lotes 22, no bairro do Prenda, no distrito urbano da Maianga, que nos próximos meses poderão ver de regresso os vizinhos.
“Os trabalhos aqui não param. Estamos a trabalhar com o relógio porque temos que entregar a obra dentro do prazo previsto e esse é o nosso objectivo”, disse sob anonimato um técnico da empresa Obra Prima, que o Novo Jornal encontrou no local.
Responsáveis da empresa, encarregue dos trabalhos, não aceitaram pormenorizar a data para entrega da obra, mas esta deve ocorrer em Agosto próximo, em função do período de 90 dias, altura que também termina o arrendamento feito pelas famílias que, receberam do GPL 120 mil kwanzas cada, para alugar outras residências, enquanto decorrerem os trabalhos.
“Estou satisfeito com o andamento dos trabalhos, arrendei aqui próximo para não ficar distante do espaço, tive medo que o Governo não cumprisse com a promessa, mas pelos vistos estão a cumprir”, contou Josefa Alfredo, ansiosa para receber a sua nova casa.
Domingas Manuel, outra moradora, disse que não contava com as construções das residências, porque achava ser uma estória que o GPL criou para tranquilizar os residentes na hora da remoção da velha grua.
“Afinal é verdade. Espero que tudo corra bem e não haja problemas na hora de nos devolveram as casas. Estou feliz porque estou a ver o Governo construir a minha casa”, realçou a mulher de 44 anos.
Já Nelson Borges, presidente da comissão de moradores, que acompanha o andamento dos trabalhos, disse ao Novo Jornal que o processo de retirada das famílias foi pacífico e sem constrangimentos e espera que a entrega seja também sem problemas.
De acordo com Nelson Borges, as partes difíceis da obra já foram feitas e espera que o empreiteiro conclua no prazo estipulado.
“A duração é de 90 dias, e já lá se vão quase 60, senão desacelerassem o ritmo em que os trabalhos se encontram, acredito que vão conseguir cumprir com o prazo. Porque as coisas estão no bom caminho”, afirmou o presidente da comissão de moradores que alega não ter motivos para reclamações.
Nelson Borges referiu ainda que ficou acordado que o empreiteiro não cumprir com o prazo estipulado serão obrigados a pagar as rendas das famílias que foram desalojadas em função da situação.
“Ninguém vai tirar nada do seu bolso para arrendar casas no fim dos 90 dias, caso não se cumpra o prazo, mas acredito que isso não vai acontecer porque as obras estão a caminhar no bom ritmo”, referiu.
De lembrar que as 10 famílias que moravam nas proximidades da grua, instalada naquele recinto desde 1974, receberam do Governo Provincial de Luanda (GPL), em Maio último, o valor de 120 mil kwanzas, para arrendarem outras casas até à conclusão dos trabalhos.
Na ocasião, o então governador de Luanda, Sérgio Luther Rescova, que testemunhou o início da obra, disse à imprensa que os trabalhos deveriam durar três meses e que as famílias retiradas do local irão regressar no fim desse período, evitando, deste modo, realojamentos numa outra localidade.
Os trabalhos para a remoção da grua, demolição e a construção das residências, segundo o GPL, ficou orçado em mais de 57 milhões Kwanzas.