O Parlamento israelita foi dissolvido, ontem, por falta de acordo no Governo sobre o orçamento do Estado, levando à convocação de novas eleições, as quartas em dois anos.
O Governo tinha de aprovar um orçamento até à meia-noite de ontem, mas como tal não aconteceu o Parlamento foi automaticamente dissolvido, devendo haver novas eleições no final de Março do próximo ano.
A impossibilidade de aprovar um orçamento deve-se à relação forçada e de curta duração, oito meses, entre o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o antigo rival Benny Gantz, que em Abril formaram um governo de “unidade e emergência”, após uma longa crise política.
Depois de três eleições renhidas, os dois políticos formaram um Governo juntando as duas forças políticas, o Likud, de Benjamin Netanyahu, e a coligação Azul e Branco, liderada pelo antigo chefe militar, que devia dividir rotativamente com Netanyahu a presidência do Governo.
Nos últimos dias, os dois partidos ainda tentaram evitar o colapso da coligação, mas segundo a imprensa o descontentamento era visível, com Benny Gantz a não conseguir fazer passar as reformas na Justiça que propôs, por não ter sido eleito Primeiro-Ministro, e a ter de lidar com divisões e descontentamento na aliança que lidera.
Ao fazer um acordo com o Likud, na primavera, Benny Gantz já tinha visto o seu partido dividido, com metade dos deputados a recusarem juntar-se a um Governo liderado por Benjamin Netanyahu, acusado de desvio de fundos, quebra de confiança e corrupção em vários casos. O julgamento por corrupção de Benjamin Netanyahu deve ter desenvolvimentos no início do próximo ano.
O acordo da primavera pretendia levar o país a lutar melhor contra a pandemia da Covid-19 e incluía a rotação no cargo de Primeiro-Ministro. Para que Benny Gantz assumisse o cargo no próximo ano era preciso um acordo sobre o orçamento do Estado, que não aconteceu.
Se Benny Gantz assistiu a divisões na coligação e perda de intenções de voto, nos últimos meses também Benjamin Netanyahu viu o Likud dividir-se, com o anúncio, este mês, da criação de um novo partido pelo seu antigo ministro Gideon Saar. O partido (Nova Esperança), de direita, aparece em segundo lugar nas sondagens, atrás do Likud.
Outro ex-ministro de Benjamin Netanyahu, Naftali Bennett, saiu, também, do Likud para formar um partido religioso de direita, igualmente a subir nas sondagens. As mesmas sondagens que indicam uma queda a pique da coligação Azul e Branco.