O Irão declarou a sua satisfação, após o encontro que decorreu em Teerão com o director da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, no que diz respeito ao futuro do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano. As autoridades do Irão prometeram respeitar integralmente o acordo assinado em 2015, se os parceiros internacionais também o fizerem.
A satisfação das autoridades iranianas, após discussões com o director- geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAAE), Rafael Grossi, manifesta-se numa altura em que Teerão prepara-se para implementar uma lei que limitará as inspecções das suas actividades nucleares, em caso de os Estados Unidos não levantarem as suas sanções contra a República Islâmica do Irão.
A lei devia entrar em vigor Domingo, mas ao governo iraniano decidiu aguardar até terça-feira próxima, para que o seu homólogo norte-americano anuncie o fim das sanções restabelecidas em 2018 por Donald Trump, que decidiu em 8 de Maio do citado ano retirar os Estados Unidos do acordo sobre o programa nuclear do Irão.
Rafael Grossi reuniu-se em Teerão com Ali Akbar Salehi, presidente da Organização Iraniana de Energia Atómica (OIEA) e com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif.
Zarif sublinhou, numa entrevista ao canal em inglês da televisão pública do Irão, que a implementação da lei restringindo a inspecção das actividades nucleares do seu país, não significa o fim da colaboração com a Agência Internacional de Energia Atómica.
Segundo o chefe da diplomacia iraniana, a lei votada em Dezembro de 2020 pelo Parlamento do Irão, obriga o governo “a não ceder as gravações”, das câmeras de vigilância instaladas nos sítios nucleares iranianos, à Agência Internacional de Energia Atómica.
De acordo com Abbas Araghchi, vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, “as inspecções da AIEA serão reduzidas de 20 a 30%, depois da aplicação da lei.
Depois da retirada unilateral norte-americano do acordo (Joint Comprehensive Plan of Action) assinado a 14 de Julho de 2015 em Viena e do restabelecimento das sanções que asfixiam a economia iraniana, o Irão decidiu libertar-se gradualmente, a partir de 2019, das obrigações estabelecidas pelo pacto internacional, ao qual subscreveu com o grupo dos 5+1, ou seja, Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China.
O acordo prevê o levantamento das sanções contra o Irão em troca do país do Médio-Oriente comprometer-se a não fabricar a bomba atómica, intenção sempre desmentida pelas autoridades de Teerão.
A União Europeia expressou a sua vontade de servir como mediador para reaproximar Teerão e Washington DC, que como sabemos não têm relações diplomáticas, desde Abril de 1980.