O investimento estrangeiro directo (IED) na América Latina cresceu 13,2% em 2018 em relação ao ano anterior, totalizando 184,287 biliões de dólares, em seu primeiro registo positivo em cinco anos na região – informou a Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (Cepal) nesta quarta-feira (14).
Na contra-mão da tendência mundial, escreve a AFP, o IED mostrou grande heterogeneidade entre os países da região, com Brasil e México como grandes motores da expansão.
De forma geral, o avanço regional do IED se explica pelo aumento “do reinvestimento de lucros e empréstimos entre empresas”, e “não se fundamentou na receita de aportes de capital, que seria a fonte mais representativa do renovado interesse das empresas em se instalar nos países da região”, explica o relatório.
“A maior parte do crescimento do IED em 2018 é explicada pelos maiores investimentos no Brasil (88,319 milhões de dólares, 48% do total regional) e no México (36,871 milhões de dólares, 20% do total)”, acrescenta o relatório da agência das Nações Unidas, com sede em Santiago.
A Argentina recebeu 11,873 biliões de dólares em IED, 3,1% a mais que no ano anterior, enquanto a Colômbia ficou em quarto lugar, com 11,352 biliões de dólares, apesar de registar uma queda de 18% em relação a 2017.
Apesar da expansão, “preocupa que a contribuição de capital, que é a mais importante no longo prazo, caiu 20% entre 2017 e 2018”, alertou em colectiva de imprensa a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, que lembrou que os empréstimos entre as empresas são “o componente mais volátil” quando se trata de medir o investimento.
A maior parte do capital que entrou na região veio da Europa e dos Estados Unidos, concentrando seus investimentos no México e na América Central.
Já a China – o principal parceiro comercial de vários países do Cone Sul – “perdeu participação em fusões e aquisições na América Latina e no Caribe”, acrescentou a agência.
– Colapso do IDE em 2019 –
A perspectiva dos fluxos de investimento para a região em 2019 “não é animadora”, alerta a Cepal, que prevê uma queda de até 5% nos fluxos de IED.
“Estamos diante de uma situação internacional complexa que não está favorecendo o IED para nossas regiões” e “as projecções em nossa região de crescimento não são muito positivas, por isso não nos torna muito atraentes”, disse Bárcena.
No fim de Julho, a Cepal previu que a América Latina e o Caribe crescerão em média 0,5% este ano.
As turbulências globais, somadas à crescente protecção de activos dos países desenvolvidos, trazem más notícias, especialmente para o Brasil.
A queda do IED “vai se concentrar no Brasil. Nossa estimativa é que caia 15% (…) Já no México, terá um pequeno aumento, de cerca de 2,5%”, avaliou Bárcena.
Em 2018, a Argentina ficou atrás do Brasil e do México na lista, mas para o ano que vem a perspectiva é negativa.
“A Argentina é um mistério. Acho que para todos”, disse Bárcena.