Pouco mais de seis meses depois dos Estados Unidos terem acusado o antigo ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência de Angola Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e o antigo chefe do Serviço de Comunicação do Governo Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” de roubarem biliões de dólares do Governo angolano não há qualquer indício de que a procuradoria angolana esteja a planear qualquer acção contra eles.
Com efeito em Dezembro do ano passado o Departamento do Tesouro americano anunciou sanções contra aquelas duas entidades e ainda contra quatro companhias de ou controladas pelo general Dino.
Na altura a PGR estava já a investigar as acções dois dois generais envolvidos com um empresários chinês que foi entretanto detido na China e houve noticias de que face às investigaçoes que decorriam em Angola os dois generais teriam informado o Presidente João Lourenço que estavam dispostos a entregar ao Estado ativos que poderiam ascender a mais de mil milhões de dólares.
Nunca houve contudo qualquer confirmação se isso foi efectuado e se em troca disso o estado angolano não iria leva-los a tribunal.
Duas organizaçoes não governamentais angolanas a Friends of Angola (FoA) e o Observatório de Coesão Social e Justiça com sede em Angola, mostram-se preocupados com o silencio das autoridades judicias angolanas
O director executivo da organização não governamental “Friends of Angola”, Florindo Chivucute acusa as autoridades judicias angolanas de mostrarem pouca vontade de levarem a cabo qualquer acção contra aqueles dois antigos destacados membros do governo,
“Não tem havido vontade por parte da justiça angolana, não tem tido seriedade de poderem levarem estes casos até ao final”, disse.
Chivucute diz estarem muitas destas entidades a usarem companhias falsas (“testas de ferro”), como forma de fugirem à responsabilidade criminal dos recebimentos ilícitos em que estes generais estão envolvidos.
“É evidente que os detentores de cargos públicos usam a tática de testas de ferros, ou seja, usam terceiros para poderem colocar o dinheiro roubado, mas muitos destes indivíduos já estão identificados e já que o tribunal angolano não tem estado a cumprir o seu papel as associações vão juntar dados e continuar os processos”, disse.
Para o presidente do Observatório de Coesão Social e Justiça, Zola Bambi, é preocupante o silêncio das autoridades angolanas neste processo, mas acredita que ainda assim as autoridades americanas continuarão a fechar o cerco para os titulares das contas e seus “testas de ferro”
“O que está em causa para mim é a forma gradual que os americanos aplicam, mesmo estando na lista os americanos retiram a conta a gota”, disse.