Uma equipa de cientistas do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA) descobriu três fármacos que inibem a multiplicação do SARS-CoV-2 em 60% a 70%. Uma descoberta que pode ter impacto mundial.
A procura por uma terapia alternativa à vacina que atenue e trate a infecção por SARS-CoV-2 surgiu de uma ideia da cientista Margarida Saramago, que teve o apoio imediato de Cecília Arraiano, líder do Laboratório do Controlo da Expressão Génica, e de Rute Matos, especialista em ribonucleases.
Ao projecto, que começou há mais de um ano, juntaram-se os colegas do ITQB NOVA Susana Domingues, Cátia Bárria, Sandra Viegas e Vanessa Costa; os virologistas Miguel Fevereiro e Margarida Henriques Mourão, do Laboratório Nacional de Referência de Saúde Animal do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), e uma equipa do Laboratório Modelação de Proteínas formada pelos cientistas Diana Lousa, Caio Souza e Cláudio Soares, líder do grupo.
Depois dos testes laboratoriais em células animais, agora é necessário concluir a fase de registo de patentes e publicar os respectivos artigos científicos. Posteriormente, cabe à industria farmacêutica avançar.
Graças à tenacidade e sentido de missão dos investigadores envolvidos, e apesar do trabalho realizado não ter recebido qualquer financiamento da Fundação de Ciência Tecnologia (FCT) no âmbito dos concursos para o combate à COVID-19, a ciência feita em Portugal voltou a mostrar resultados que podem ter repercussão a nível planetário.
E quando perguntamos se consideram que a investigação está concluída, a resposta é “não”. “Nós ainda não estamos satisfeitos”, “queremos criar um composto de raiz. Se nós conseguirmos desenvolver um composto muito forte, acho que podemos ter um potencial medicamento no futuro”, afirma Rute Matos. E acrescenta, “o trabalho de um cientista não pára!”.