O conceito ESG em inglês integra as dimensões “Environmental” (Meio Ambiente), “Social” (Social) e “Governance” (Governação Corporativa), agrupando nessas três dimensões os fatores não financeiros mais relevantes de uma empresa. Os indicadores definidos com base nessas dimensões servem para medir o grau de compromisso das empresas com os objetivos do desenvolvimento sustentável e são essenciais no momento de fazer e avaliar investimentos mais responsáveis com o planeta.
É uma abordagem estratégica e analítica amplamente utilizada por analistas e investidores institucionais para avaliar o desempenho da sustentabilidade. Muitos governos e estruturas supranacionais, como a União Europeia, integraram indicadores ESG na sua legislação e regulamentação do setor privado, tornando-os obrigatórios.
O conceito ESG surgiu na sequência da adopção em 2015 da Agenda 2030 das Nações Unidas que definiu um quadro de 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável para o horizonte 2030.
Após a euforia inicial, o conceito ESG perdeu popularidade entre investidores e empresas. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, também afirmou que a regulamentação ESG da União Europeia era muito restritiva e discriminatória contra as empresas americanas, semeando a semente para futuras disputas comerciais entre os EUA e a UE. O partido republicano nos Estados Unidos também não é muito favorável ao ESG, criando o risco de que a iniciativa seja abandonada ou profundamente revista se os republicanos tomarem a Casa Branca nas eleições presidenciais de novembro de 2024.
Por outro lado, as perspetivas para o ESG estão ficando mais sombrias com base nos resultados da última pesquisa da Bloomberg.
A maioria dos clientes da Bloomberg que participaram da pesquisa espera que os fundos ESG tenham um desempenho inferior aos benchmarks gerais do mercado no próximo ano, enquanto um número crescente diz que ESG nada mais é do que uma moda passageira.
Por exemplo, quase 90% dos 116 clientes da Bloomberg que não estão diretamente envolvidos com ESG esperam que os fundos de investimento do sector ESG fiquem atrás dos benchmarks de mercado no próximo ano, e 55% dos 181 clientes que estão envolvidos em ESG – e têm mais interesse na performance dos fundos ESG — também são pessimistas.
O pessimismo não para por aí. Quase 70% dos que não estão envolvidos diretamente com ESG dizem que a estratégia de investimento não passa de uma moda passageira, enquanto apenas 18% dos que estão engajados esperam que as questões ESG se tornem mais críticas nos negócios e mercados, abaixo dos 25% em a pesquisa anterior.
Ainda assim, apenas uma pequena minoria de todos os entrevistados diz que suas empresas estão deixando de empacotar ou investir em produtos ESG, em parte porque a grande maioria dos entrevistados concorda que “todos temos um papel a desempenhar na proteção dos recursos mundiais”. E a maioria diz que a Europa representa as maiores oportunidades do setor.
Os comentários que acompanharam a pesquisa mostram a enorme divisão que existe entre aqueles que dizem que ESG veio para ficar e aqueles que pensam que é “uma ideologia politicamente orientada que não tem lugar na tomada de decisão de um investidor profissional”.
A pesquisa da Bloomberg incluiu respostas de 349 clientes no período de dois meses encerrado em 29 de junho. Cerca de 60% dos entrevistados trabalham nos EUA, onde a reação liderada pelos republicanos contra o ESG vem aumentando desde o início do ano passado.
Os republicanos da Câmara realizaram uma série de audiências em julho, durante as quais pediram a anulação dos esforços da Securities and Exchange Commission para impor requisitos de divulgação corporativa mais transparentes de fatores relacionados a ESG. Além de enfrentar a SEC, os legisladores do Partido Republicano estão pressionando por uma supervisão mais rigorosa das firmas de consultoria e também a favor de limitar – ou mesmo excluir – os investimentos com foco em ESG dos fundos da Lei de Segurança de Renda de Aposentadoria dos Funcionários (ERISA).
Por Editor Económico
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