Karim Keïta é filho do antigo presidente maliano Ibrahim Boubacar Keïta e é procurado pelo Mali por participação no desaparecimento de um jornalista de investigação em 2016.
O pedido da sua captura foi feito à Interpol por um juiz de instrução do tribunal de grande instância de Bamako, capital do Mali, segundo apurou a agência AFP. O mandato não consta na lista oficial dos mandatos de captura internacionais que costuma ser público.
Karim Keïta é procurado devido ao seu envolvimento no desaparecimento de Birama Touré, um jornalista de investigação que trabalhava no semanário “Le Sphinx”, sediado em Bamako. Ele desapareceu em janeiro de 2016 e nunca mais foi visto.
O jornalista terá abordado Keïta no âmbito de uma investigação para o jornal sobre um dossier comprometedor, acabando depois por desaparecer. A família e os colegas temem que ele tenha sido raptado, torturado e morto após meses de detenção.
Em 2019, de forma a lutar contra estas acusações, Karim Keïta deu início a um processo de difamação contra o jornal. O diretor do jornal, sentindo-se ameaçado, acabou por deixar o Mali e instalar-se em França.
O filho do antigo presidente foi eleito deputado em 2013, mas foi uma figura sempre ligada à corrupção e aos abusos do regime. Em protestos contra Karim Keïta, os manifestantes utilizavam cartazes em que o deputado estava acompanhado por amigos em festas extravagantes.
Ibrahim Boubacar Keïta, de 76 anos, foi deposto em Agosto de 2020, tendo sido depois autorizado a aceder a cuidados de saúde nos Emirados Árabes Unidos. Regressado ao país, o antigo presidente está em prisão domiciliária, vivendo com a família numa mansão na capital.
Desde a deposição do seu pai, Karim Keïta vive na Costa do Marfim, onde tem mantido um perfil discreto.