A Indra, empresa espanhola selecionada para desenvolver logística necessária para a realização das eleições gerais de agosto em Angola, garante que o processo será conduzido “de forma profissional e transparente”.
O comunicado da Indra, enviado hoje à agência Lusa, surge depois de a Comissão Nacional Eleitoral de Angola (CNE) confirmar que a empresa foi escolhida, através de concurso público, para fornecer a solução tecnológica que engloba a contagem provisória e a contagem final de todos os votos registados nas eleições gerais.
Na altura, o porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, disse aos jornalistas que o afastamento da outra empresa concorrente, SmartMatic, se deveu ao incumprimento das regras do concurso e descartou que a escolha da Indra comprometa a “lisura” do processo eleitoral, apesar da oposição angolana contestar a opção por alegações de fraude.
A Indra refere no comunicado que a sua solução tecnológica “garante o cumprimento dos requisitos de transparência e de segurança exigidos por lei, o que implica a redundância dos sistemas de computação, transmissão, processamento e divulgação de resultados”.
A empresa espanhola, que já organizou mais de 400 processos eleitorais nacionais e internacionais, com mais de quatro mil milhões de eleitores envolvidos, será também responsável pela aquisição, transporte e entrega de todo o material necessário para a realização destas eleições gerais.
CNE garante lisura
Na semana passada, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola descartou que a escolha da espanhola Indra para apoiar as eleições gerais comprometa a lisura do ato e salientou que o afastamento da outra concorrente se deveu ao incumprimento das regras.
Segundo o porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, 10 empresas adquiriram o caderno de encargos relativo à solução tecnológica, mas apenas duas apresentaram propostas. “Como o objetivo numa competição é apurar um vencedor naturalmente que a proposta restante era esta [Indra] que foi objeto de avaliação e adjudicação para celebração de contrato”, afirmou.
Questionado sobre se a reputação da Indra, cuja idoneidade tem sido posta em causa pela oposição angolana, que relaciona a empresa com fraudes eleitorais, o responsável da CNE adiantou que “essas questões são alheias à CNE” e marginais ao concurso, já que, formalmente “não tem conhecimento de qualquer impedimento legal que pudesse pôr em causa o direito desta empresa se apresentar a concurso”.
“Não é do interesse da Comissão Nacional Eleitoral nem de ninguém que o processo seja ensombrado de qualquer maneira, mas temos de nos ater aos factos, a CNE lança um concurso e apresentam-se dois concorrentes, um é eliminado, é assim em qualquer competição, ainda que tivesse havido mais concorrentes só um sobraria e prevaleceu a Indra”, reiterou, considerando que, quanto às questões reputacionais, compete à Indra vir em sua defesa.
“Não compete à CNE fazer avaliações subjetivas em relação aos concorrentes (…) é do interesse que o processo eleitoral decorra com a máxima lisura e é isso que a CNE está a fazer, é esse o compromisso que tem”, vincou, sublinhando que foram seguidos os critérios do concurso.