Esperança da Costa é a candidata do MPLA ao cargo de vice-presidente de Angola nas eleições de Agosto. Analistas dizem que é uma “ilustre desconhecida”, que não deverá “fazer sombra” ao Presidente João Lourenço.
A indicação na segunda-feira (23.05) de Esperança da Costa, atual secretária de Estado das Pescas, está a gerar debate em Angola.
Luísa Damião, actual vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Carolina Cerqueira, ministra de Estado para a Área Social, e Vera Daves, ministra das Finanças, eram cogitadas na praça pública como possíveis candidatas. Mas foram deixadas para trás.
Porque é que estes nomes foram preteridos? É a questão que coloca Ilídio Manuel.
Segundo o jornalista, a candidata do MPLA à vice-presidência da República é “uma ilustre desconhecida” no seio do MPLA, e a sua candidatura pode até causar querelas internas entre os “camaradas”.
“À primeira vista, fica-se com a ideia de que as pessoas mais próximas do Presidente João Lourenço não lhe mereceram confiança neste momento decisivo, e ele opta por uma ilustre desconhecida”, explica.
Interesses e motivos estratégicos
Por outro lado, há a possibilidade de o líder do MPLA ter tentado evitar escolher figuras mais sonantes no partido, por motivos estratégicos.
“Isso também pode levar-nos a pensar que ele pretende ter alguém que lhe seja de inteira confiança ou não lhe faça sombra. Normalmente, há uma tendência de os presidentes imporem aos seus vices as suas regras”, argumenta.
Esperança Maria Eduardo Francisco da Costa nasceu na capital angolana, Luanda, e licenciou-se em Biologia na Universidade Agostinho Neto. Trabalhou na instituição como assistente de Biologia Vegetal e, mais tarde, foi nomeada chefe do departamento de Biologia.
Agostinho Sicatu reconhece a experiência da governante. “Mas não creio que tenha sido isto que influenciou de modo direto”, conclui.
Para o politólogo, a escolha de Esperança da Costa como candidata do MPLA à vice-Presidência da República está, sobretudo, relacionada com uma coisa: “interesses”.
“Ela enquadra-se no círculo de interesses e na confiança política do Presidente da República”, diz.