Familiar de Cristina Samukonguela acusa a Administração do distrito do Zango de querer ficar com as terras Cristina Samukonguela
Conflitos de terra em Angola têm sido reportados em vários lugares e momentos.
Muitos sem solução, noutros a acusação tem recaído sobre a administração, seja local, seja central, sempre com proprietários ou herdeiros a queixarem-se de apropriação indevida.
No município de Viana, a família de uma anciã de 82 anos de idade acusa a Administração do distrito do Zango de querer ficar com as terras onde tinha as suas lavras no bairro Muxima Moxi.
Cristina Samukonguela apela à intervenção da Presidente da República.
Um advogado diz que é pratica das administrações municipais ficarem com terrenos de cidadãos.
Cristina Samukonguela, de 82 anos de idade, veio do Moxico há 25 anos e fixou-se na zona hoje conhecida por Zango.
Há dois anos que ela viu invasores no seu espaço de sete hectares, na zona do Muxima Moxi, na Vida Pacífica, e foi queixar-se à Administração do Distrito.
Foi então que apercebeu-se que os invasores adquiram as parcelas junto da Administração de Viana.
“O senhor Gabriel, ex-Administrador do distrito do Zango, recebeu-nos em 2020 e garantiu-nos que o assunto estava controlado, o mais importante é que os documentos da avó já estão na administração, aguardem apenas resposta, disse, mediante esta espera o número de invasores foi aumentando”, conta Armando Gabriel, neto de Cristina Samukonguela, a proprietária do terreno que, por ter ido saber da ocupação do seu terreno, foi presa por algumas horas.
Ele conta que a avó dele foi falar com as pessoas que ocuparam o seu terreno.
“Essas pessoas chamaram a polícia e prenderam a minha avó, o seu bisneto foi saber, soltaram a minha avó e prenderam o meu sobrinho até dia seguinte”, diz.
A VOA contactou o actual administrador do Zango mas não atendeu.
Apelo ao Presidente
O administrador de então, Euclides Costa, a quem acusam de ser o responsável pelos invasores, sem gravar entrevista, negou ter conhecimento de algum conflito aquando do seu mandato.
O advogado Manuel Kangundo diz que casos como o da senhora Cristina Samukonguela são frequentes nas administrações de Luanda.
“Pessoas dentro da administração motivam os invasores, quando o proprietário do espaço for reclamar na administração, eles pegam no documento e mandam aguardar, aí nesse período produzem um documento novo, mas com data mais antiga e fica com os invasores, postos em tribunal é reconhecido o documento com data mais antiga, tudo isto com o beneplácito das administrações municipais”, conta o advogado.
Em desespero, Cristina Samukonguela pede ajuda ao Presidente da República para interceder junto à Administração pelo seu espaço.
“Senhor Presidente da República, olhe só por mim, me acode só, faz favor eu já estou velha e cansada, já não consigo trabalhar, faz favor Presidente, todos os meus filhos nasceram aqui nestas lavras”, clama Samukonguela.
Também tentamos contactar o Administrador de Viana, mas não respondeu.