O projecto de exploração do nióbio no município de Quilengues, no interior da província angolana da Huíla, prevê a movimentação de centenas de famílias de um perímetro que compreende 160 quilómetros quadrados.
Mas moradores estão reticentes e não veem de bom grado serem retirados das suas terras.
O projecto é tido pelo Governo angolano de vital importância, pois deve acelerar a prospecção, exploração, transformação e comercialização de recursos minerais além do petróleo, o que se enquadra na estratégia de diversificação económica e criação de postos de trabalho.
A VOA apurou que já está em curso a construção das residências que a seu tempo deverão acolher as famílias a serem movimentadas do perímetro de exploração.
Mas alguns moradores da região da Bonga olham com muitas dúvidas o projecto principalmente quando pensam que a todo o momento serão retiradas das suas terras.
Pedro Kanha, antevê um momento difícil, embora reconhecendo ser “um benefício para o país”.
“Mas para as pessoas está a ser um pouco difícil. Terem de desalojar de um sítio onde estão os costumes, os avós e bisavós nos deixaram ali e agora nos levarem para o outro lado é muito difícil”, lamenta.
Se dependesse da população, ninguém sairia do perímetro, segundo fez saber o porta-voz das comunidades, Paulo Kandja.
“A população está a falar muita coisa coisa sobre o projecto. Ela não se quer mudar daqui. Seremos colocados num bairro (limitado) como iremos viver com nossos animais?”, pergunta.
O administrador municipal adjunto de Quilengues, Fernando Longuenda, sem comentar as questões paralelas ao projecto, prefere destacar o realojamento das famílias a serem movimentadas para afirmar que está assegurado.
“As famílias não vão sair dos seus locais sem antes essas condições estarem criadas. Essa questão está toda acautelada, o trabalho está a ser feito no terreno e acreditamos que tão longo termine o projecto vai ter o seu início”, garante.
O nióbio é um minério raro, usado na produção de turbinas eléctricas, naves espaciais e outros componentes das indústrias aeronáutica e electrónica.
O seu preço nos mercados internacionais custa entre 40 e 50 dólares o quilograma.