Esta sexta-feira, 5 de Junho, assinala-se o Dia Mundial do Ambiente. Em Angola, o Huambo luta há anos para ter o título de “capital ecológica” do país. Muito tem sido feito para que isso se concretize. O que falta?
O Huambo foi uma das cidades angolanas mais devastadas pela guerra. Décadas de conflito destruíram infraestruturas vitais. Mas a cidade reergueu-se e reivindica agora o título de “capital ecológica” de Angola.
Onde antes havia ruínas, foram plantadas árvores e, agora, há áreas verdes onde os cidadãos podem passear. Um ponto de referência do Huambo, a Estufa-Fria, destruída na guerra, também foi revitalizada, e, hoje em dia, é local de peregrinação para apreciar a natureza e ver o pôr-do-sol. Além disso, há frequentemente campanhas de limpeza e saneamento do meio, organizadas pela cidade.
José Abel Tchihuaku, professor, considera que o Huambo possui todas as condições para se tornar a “capital ecológica” de Angola.
“Em quase todos os sítios tem contentor de lixo, tem havido palestras no sentido de educar a população para não atirar lixo para os passeios. Havia muita gente a lavar carros nos riachos e ribeirinhas que o Huambo tem, mas agora vemos poucas pessoas,” nota.
Competição existe
Mas a cidade do Planalto Central enfrenta duros concorrentes na competição pelo título de “capital ecológica” – Huíla, Benguela, Namibe, Malange e Kwanza Norte, todos disputam a designação. Quem sairá vencedor, ninguém sabe.
Entretanto, o Huambo apresenta mais uma carta a seu favor – a cidade é a sede do primeiro Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC) do país. A instituição, inaugurada em 2012, dedica-se à investigação sobre problemas ambientais na província. Para o professor José Tchihuaku, o CETAC é um “trunfo” importante.
“É a única instituição do país, isto é resultado dos esforços que o Governo tem vindo a desenvolver para que a província se torne na capital ecológica do país”, analisa.
O estudante Martins Savimbuando também acredita que o Huambo tem boas “chances” de conquistar o título, embora reconheça que o rápido crescimento da cidade imponha novas acções.
“É uma cidade que, para além do seu clima tropical, possui uma vegetação que propicia a boa vivência dos citadinos, e que lhe dá o título de cidade ecológica”, afirma.
Governo faz o suficiente?
O estudante constata ainda que o Governo tem feito a sua parte: “Tem envidado esforços e tem tido sucessos no saneamento básico. Embora possa nunca ser suficiente, porque, à medida que a cidade cresce, é preciso chegar ao redor e colmatar algumas situações”.
Para o gestor ambiental João Baptista, a iniciativa da cidade do Huambo se candidatar a capital ecológica do país deve ser aplaudida. João Baptista também elogia as acções do Governo do Huambo no domínio da arborização da cidade ou do saneamento do meio, mas alerta que só isso não basta: “Se nós olharmos para a vertente da arborização, o Huambo é ímpar e é a cidade que possui as melhores condições em relação a muitas províncias em que já andei. Mas na sua vertente total da ecologia, o Huambo tem muito a fazer para resolver este problema”, adverte.
O especialista diz, por exemplo, que é preciso aplicar com rigor a legislação para proteger o meio ambiente: “A melhor forma de acentuarmos o estatuto que o Huambo está à procura passa por aderirmos à legislação ambiental do país. Angola é parte das convenções internacionais”.