O Tribunal da Comarca do Benfica, Luanda, deu início, esta semana, ao julgamento de dois jovens de 30 e 32 anos, que, em Novembro de 2019, assassinaram à queima-roupa um homem de nacionalidade russa, de 56 anos, no bairro Alvalade, quando saía de uma agência bancária.
O cidadão russo só foi assaltado e morto porque uma funcionária da agência bancária, que fazia parte da associação criminosa e se encontra foragida da justiça, avisou os comparsas que o homem fez um levantamento de mais de 1 milhão de kwanzas.
Segundo o Ministério Público (MP), os dois arguidos em julgamentos, Adão Zenza, de 30 anos, e Mário dos Santos Neto, de 32, fazem parte de uma associação de malfeitores que se dedica à prática de crimes violentos, sobretudo a clientes de várias agências bancárias que levantam grandes somas de dinheiro, em Luanda, em colaboração com funcionários bancários.
A acusação descreve que no dia 15 de Novembro de 2019, o cidadão russo Carlov Marksim solicitou, como era habitual, o serviço de um “motoboy”, declarante no processo, para levá-lo na sua motorizada até à agência bancária do BFA, na Avenida Comandante Valódia, onde fez o levantamento de mais de 1 milhão de kwanzas.
Após receberem o telefonema da funcionária do banco, identificada apenas por Tânia, fugitiva da justiça, os arguidos, que se encontravam nas proximidades, perseguiram o cidadão russo da Avenida Comandante Valódia até ao Bairro do Alvalade, a bordo de uma viatura, onde praticaram o assalto que culminou na morte de Carlov Marksim, o cidadão russo.
Conforme explicou a acusação, a vítima, ao aperceber-se que estava a ser perseguido, solicitou ao “motoboy” que acelerasse, mas infelizmente acabaram por ser alcançados pelos marginais.
A acusação refere que os marginais deram uma pancada na motorizada, o que provocou a queda dos ocupantes, o “motoboy” e o cidadão russo.
“Rapidamente o arguido Mário dos Santos Neto, que se encontrava com a arma do tipo KM, interceptou o cidadão Carlov Marksim e o “motoboy”, declarante no processo, exigindo que estes entregassem a pasta com o dinheiro. O cidadão russo recusou-se e partiu para a luta com um dos marginais, tendo o arguido Mário dos Santos Neto efectuado disparos que o atingiram na região do tórax, ficando o mesmo estatelado no chão onde acabou por morrer”, referiu a magistrada do MP, Isabel das Neves, durante a leitura da acusação.
Segundo o Ministério Público, a acção dos arguidos não ficou concretizada, pois não conseguiram levar a pasta contendo o dinheiro graças a vários seguranças privados, das residências próximas.
No entanto, os meliantes colocaram-se em fuga deixando no local um par de óculos e um capacete usado polo arguido Adão Zenza.
Das diligências levadas a cabo pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), e com a colaboração de uma testemunha, depoimentos e dados relativos ao rosto do suspeito implicado na autoria dos factos, elaborou-se um retrato falado do mesmo.
Conforme o MP, os arguidos após os interrogatórios, confessaram a autoria do crime, sendo que o SIC apreendeu também a arma de fogo usada.