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Com discurso nacionalista de colocar a “Holanda em primeiro lugar”, Thierry Baudet vive crescimento meteórico e promove disputa acirrada com o partido do primeiro-ministro Mark Rutte nas eleições europeias.
O holandês Thierry Baudet, um político populista e nacionalista de 36 anos, alcançou uma ascensão meteórica e, segundo as pesquisas, deve obter enormes ganhos nas eleições europeias na Holanda. Assim como no Reino Unido, a votação holandesa para o Parlamento Europeu é realizada nesta quinta-feira (23/05) – as eleições nos 28 Estados-membros da União Europeia (EU) estão espalhadas até o domingo.
O partido de Thierry Baudet, o Fórum para a Democracia (FvD), criado por ele em 2015 como uma think tank e que obteve apenas 2% dos votos nas eleições legislativas nacionais de 2017, soma 15% nas pesquisas de opinião. Ele está em uma disputa cabeça a cabeça com Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), do primeiro-ministro do país, Mark Rutte.
Baudet, que se intitulou “o mais importante intelectual da Holanda” em uma post no Twitter em 2016, tem enfatizado o discurso de “Holanda em primeiro lugar” em temas culturais e económicos.
Em Março, o Fórum para a Democracia ficou em primeiro lugar nas eleições provinciais, justamente à frente do partido do primeiro-ministro.
Baudet conseguiu apoio em grande parte proveniente do Partido para a Liberdade (PVV), de seu rival de direita Geert Wilders, também eurocéptico, mas mais conhecido pela sua campanha contra o Islão. Nas pesquisas, Wilders aparece com apenas 5%, o que seria o seu resultado mais baixo na década.
Em toda a Europa, estima-se que os partidos de extrema direita voltem a aumentar a sua participação no Parlamento Europeu. Espera-se que dobrem o número de assentos conquistados em 2014, mas que não passem da marca de 20% na votação realizada entre esta quinta-feira e domingo.
Caso as pesquisas holandesas se mostrem precisas, o Fórum para a Democracia de Baudet poderá disparar de zero para cinco assentos das actuais 26 vagas holandesas no Parlamento Europeu.
O órgão legislativo da UE possui 751 assentos, sendo 73 reservados ao Reino Unido. Quando a saída britânica do bloco for concretizada, a redistribuição das cadeiras dará três assentos adicionais à Holanda.
“Estas eleições dependem da questão sobre se o maior partido holandês é ou não é aquele que quer o Nexit [saída da Holanda da UE]”, disse Rutte, antes da votação, referindo-se à possibilidade de a Holanda seguir os passos do Reino Unido.
“Seria ruim para a nossa segurança e estabilidade se tal partido se tornasse o maior [partido holandês] no Parlamento Europeu”, acrescentou.
Num debate televisivo, Rutte e Baudet trocaram farpas – o nacionalista acusou o primeiro-ministro de ser um “seguidor” e não um líder. Rutte respondeu que Baudet era um ingénuo “adepto da Rússia”, pois o eurocéptico afirmou não acreditar que Moscovo apresente qualquer ameaça geopolítica ao Ocidente.
Baudet comparou o ainda presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a Adolf Hitler e Napoleão Bonaparte em sua aversão à Rússia.
“Os sedentos pelo poder da Europa legitimam a centralização do poder em Bruxelas por causa de algum grande inimigo [a Rússia] e eu não vejo isso”, afirmou Baudet.