Dia 3 de outubro é o Dia da Unidade Alemã (“Tag der Deutschen Einheit”), celebrado anualmente para marcar a reunificação da Alemanha, que ocorreu em 1990, após a queda do Muro de Berlim.
A reunificação da Alemanha é um exemplo claro de como um país, após anos de divisão e conflitos ideológicos, pode se curar e se transformar em uma nação unida e próspera. A experiência alemã nos mostra que, mesmo com feridas profundas, o caminho da reconciliação pode levar ao fortalecimento de uma identidade nacional comum e à superação das barreiras que antes separavam o povo.
Um dos maiores feitos da reunificação alemã foi o fato de que, com o tempo, as diferenças que antes marcavam a divisão entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental se tornaram quase imperceptíveis. A geração mais jovem de alemães, por exemplo, muitas vezes não consegue distinguir quem é do leste ou do oeste, pois o país passou a funcionar como um todo integrado, onde as antigas fronteiras ideológicas se diluíram.
Isso não significa que o processo foi fácil ou rápido, mas sim que o esforço de unir a nação foi contínuo e focado no bem-estar de todos os seus cidadãos, independentemente de seu passado.
A Alemanha não apenas se reconstruiu como uma potência econômica, mas também soube criar um projeto de nação em que todos se sentissem parte, tanto os cidadãos da antiga Alemanha Ocidental quanto os da antiga Alemanha Oriental. O governo investiu fortemente em políticas de integração, infraestrutura e programas sociais para garantir que todos tivessem as mesmas oportunidades de prosperar.
Essa capacidade de criar um projeto comum e incorporador é o que torna a Alemanha um exemplo para muitas nações que, como Angola, enfrentam os desafios de reconciliação nacional.
Em Angola, mesmo após mais de duas décadas de paz desde o fim da guerra civil, ainda existem profundas divisões internas entre grupos étnicos, políticos e regionais. A harmonia nacional é um desafio constante, com muitos angolanos ainda se sentindo desconectados do projeto de construção do país. A experiência alemã oferece uma lição importante: é preciso mais do que apenas um cessar-fogo ou o fim do conflito. A verdadeira reconciliação exige um esforço conjunto e de longo prazo para criar um sentimento de unidade, onde todos se sintam parte do futuro da nação.
O exemplo alemão mostra que, para alcançar uma reconciliação verdadeira, é necessário promover políticas que incluam todos os cidadãos e que criem oportunidades iguais. É importante que o foco não esteja apenas na superação das diferenças do passado, mas na construção de um futuro comum, em que o bem-estar de toda a população seja o objetivo principal. Projetos de desenvolvimento, educação e infraestrutura são essenciais, mas igualmente importante é o fortalecimento de uma identidade nacional que transcenda as divisões históricas.
Assim como a Alemanha conseguiu unificar suas regiões e criar uma sociedade onde as diferenças são minimizadas em prol de um projeto maior, países como Angola podem se inspirar nessa trajetória. A lição que fica é que a reconciliação vai além de curar feridas passadas — é sobre construir um país onde todos, independentemente de suas origens ou das divisões do passado, se sintam verdadeiramente parte de uma mesma nação. Esse é o desafio, mas também a grande oportunidade de criar um futuro mais harmonioso e próspero para todos.
Educação foi uma prioridade central. A Alemanha entendeu que um país unido e próspero só seria possível se todos tivessem acesso à educação de qualidade. O sistema educacional foi reformado e unificado, proporcionando oportunidades iguais tanto para os cidadãos do oeste quanto para os do leste. Mais do que isso, a educação foi vista como uma ferramenta não apenas para o desenvolvimento econômico, mas para a criação de uma cidadania consciente, capaz de superar as divisões do passado.
Além disso, a Alemanha construiu um projeto de nação. Houve uma visão clara de futuro, que orientou as políticas públicas e os investimentos ao longo de três décadas. O objetivo não era apenas resolver os problemas imediatos da reunificação, mas garantir que, no longo prazo, o país se tornasse uma potência econômica e um exemplo de estabilidade social. Os líderes alemães se comprometeram com um projeto de país que englobava todos os cidadãos, independentemente de suas origens, e que promovia o bem-estar coletivo.
Se Angola seguisse esse exemplo, se perguntando hoje “Onde queremos estar dentro de 30 anos?”, poderia trilhar um caminho semelhante. Ao investir na educação, promover a tolerância e criar um projeto nacional inclusivo, Angola poderia superar as divisões internas e explorar plenamente seu potencial. A verdadeira prosperidade de um país não se constrói apenas com recursos naturais, mas com uma visão clara de futuro, onde todos os cidadãos, sem exceção, se sintam parte desse projeto e possam contribuir para ele.
Fazer perguntas significativas sobre o futuro de uma nação, como “Onde queremos estar dentro de 30 anos?”, é essencial para estabelecer uma direção clara e um objetivo coletivo. Essa reflexão permite que um país, como Angola, se concentre em um projeto de nação que transcenda as divisões partidárias e busque o envolvimento de todos os seus cidadãos. O engajamento de cada pessoa que vive em um país é fundamental para a construção de um futuro harmonioso e próspero.
Por: Henda ya Xiyeto