Não foi o facto de ser a Rússia a presidir o Conselho de Segurança da ONU que impediu o secretário-geral de expor frontalmente a devastação que Moscovo está a causar.
O embate decorreu em plena sessão do conselho, com António Guterres a apontar com bastante clareza quem está a violar o direito internacional.
Para Guterres, “as tensões entre grandes potências atingiram um pico histórico, assim como os riscos de conflito, entre as desventuras ou os erros de cálculo. A invasão russa da Ucrânia, em violação da Carta das Nações Unidas e da lei internacional, está a provocar um sofrimento massivo e a devastação do país e do seu povo, agravando a instabilidade económica global desencadeada pela pandemia de Covid-19”.
“Como na Guerra Fria, mais uma vez nos aproximamos de um limite perigoso, se calhar ainda mais perigoso. A situação é agravada pela perda de fé no multilateralismo, pela agressão financeira e económica do Ocidente que destrói os benefícios da globalização, com os Estados Unidos e os seus aliados a abandonar a diplomacia e fazer braço de ferro no terreno de batalha. Tudo isto dentro das paredes da ONU, criada para evitar os horrores da guerra”, contrapôs Sergey Lavrov, o responsável diplomático russo.
Os embaixadores da UE denunciaram o “cinismo” da Rússia. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, pediu diretamente a Lavrov a libertação de norte-americanos detidos na Rússia, incluindo o jornalista Evan Gershkovich.