Umaro Sissoco Embaló completa um ano na Presidência da Guiné-Bissau entre elogios e críticas. Alguns cidadãos saúdam o seu empenho por uma diplomacia “agressiva”, outros lamentam uma certa passividade do chefe de Estado.
Doze meses depois de ter tomado posse “simbolicamente”, a 27 de Fevereiro de 2020, as opiniões dos cidadãos guineenses divergem sobre o exercício presidencial de Umaro Sissoco Embaló, a quinta figura eleita democraticamente na história do país.
“Eu acho negativo, porque a população está a passar fome e muitas dificuldades”, disse à DW África um estudante em Bissau. Outro jovem concorda: “Um ano de mandato é zero. Neste momento, não há aulas e não há nada que valha no país”. Um comerciante tem opinião contrária: “O Presidente da República não pode agradar a todos, tem pontos positivos e negativos. Mas para fazer avaliação, acho que é positivo”, afirma.
Os apoiantes de Umaro Sissoco Embaló consideram que o chefe de Estado tornou mais “agressiva” a diplomacia guineense, ao trazer ao país, em menos de um ano, dez chefes de Estado estrangeiros, em diferentes momentos. Os apoiantes realçam ainda que o Presidente impulsionou a abertura de representações diplomáticas da Guiné-Bissau em alguns países e acreditou vários embaixadores estrangeiros.
Candidato oficial e dirigente do Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (MADEM-G15), Sissoco Embaló diz-se “dono de boas relações internacionais” e influente junto dos chefes de Estado da sub-região, algo que poderia ajudar a transformar o país.
Falhanços e polémicas
No entanto, nem todos concordam com a boa avaliação. O analista político Mariano Pina aponta para o falhanço de Umaro Sissoco Embaló em questões como o “funcionamento do Estado fora de um quadro constitucional”, a “violação dos direitos humanos, civis e políticos” ou a “corrupção galopante que envolve altas figuras do Estado”.
Em doze meses do seu exercício presidencial, Sissoco Embaló envolveu-se em polémicas com os juízes do Supremo Tribunal de Justiça, com os deputados, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) e, mais recentemente, com a Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau, que expulsou da própria sede por alegados motivos de segurança.
Ainda assim, Mariano Pina considera que, aos 48 anos de idade, o chefe de Estado “é jovem” e pode “fazer outras coisas melhores para que o país seja bem visto lá fora”.
Udé Fati, diretora da organização não-governamental “Voz di Paz”, reconhece o empenho de Umaro Sissoco Embaló no seu primeiro ano de mandato: “Pensando na situação do país e, por exemplo, neste período de Covid-19 e na difícil herança do país, eu acredito que houve esforços e há muitos esforços [do Presidente da República] no sentido de representar o Estado da Guiné-Bissau, de torná-lo mais forte e muito mais presente na esfera internacional.”
Declarado vencedor da segunda volta das eleições presidenciais de dezembro de 2019, pela Comissão Nacional de Eleições, com 53,55%, Umaro Sissoco Embaló assumiu o poder na vigência de um contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, interposto pelo candidato derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que obteve 46,45% dos votos.