O ex-presidente moçambicano, Armando Guebuza, que já teve divergências com o Canal de Moçambique, condena a vandalização de que foi alvo a redacção do influente semanário.
No domingo, 23, a redacção daquele jornal, em Maputo, foi incendiada por desconhecidos, e Guebuza junta a sua voz a outras que dizem que o acto foi um atentado contra a liberdade de imprensa.
Para Guebuza, “a história do Canal de Moçambique é terrível, não faz sentido. Nós não lutamos pela independência para queimar jornais. Nós defendemos a liberdade e trabalhemos para que essa liberdade permaneça”.
Guebuza diz que incendiar jornais impede a liberdade, tal como acontecia no tempo colonial. “Quando temos os nossos jornais, não podemos escrever, também? E quando conseguimos escrever, tira-se jornal. Vamos escrever aonde? No chão?
Recado para o Governo
O político e especialista em relações internacionais, Muhamad Yassine, diz que Guebuza “não vem falar à toa”.Na leitura de Yassine, “há duas perspectivas” nas afirmações do ex-estadista: “É um recado para quem está no poder de que isto (incêndio) não deve ser permitido; e para, no mínimo, trazer uma resposta”.
A falha na resposta, diz Yassine, pode colocar a liderança do país no iminente “risco de ser conotado com quem levianamente autorizou (a vandalização do Canal de Moçambique).
O incêndio, que destruiu grande parte de meios informáticos do Canal de Moçambique, não impediu a publicação da edição desta quarta-feira, 27, que destaca a problemática de raptos e a audiência do caso das “dívidas ocultas”, em Londres, na qual Guebuza deve ser ouvido.