AFP
O líder opositor Juan Guaidó pediu neste sábado (11) para seus seguidores não ficarem parados diante do medo, em um dia de protestos tímidos na Venezuela em repúdio à investida do governo contra o Parlamento opositor, após o fracasso de uma rebelião militar que tentava tirar o presidente Nicolás Maduro do poder.
Guaidó falou diante de cerca de 2 mil pessoas na praça Alfredo Sadel, no leste de Caracas, região de maioria opositora. O índice de adesão é baixo diante das enormes marchas das semanas anteriores.
“Chegamos ao momento histórico: ou somos presas do medo, da desesperança, da inacção (…), ou nos mantemos unidos nas ruas, com esperança, com força”, afirmou o líder parlamentar, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países.
Onze dias depois do levante fracassado de 30 de Abril, liderado por Guaidó, uma ofensiva do governo levou à prisão de um deputado e fugas e pedidos de refúgio de outros.
“Hoje, peço à Venezuela que não descansemos um único dia até conseguir mudar a Venezuela”, afirmou Guaidó.
“O chamado é sair à rua. Todos temos medo da repressão, mas não podemos ficar em casa”, disse à AFP Melquíades Rosales, comerciante de 42 anos.
“Vim em apoio aos deputados da Assembleia Nacional, que está sendo destruída, estão dissolvendo ela”, afirmou em Caracas à AFP Daisy Montilla, de 69 anos, com a bandeira da Venezuela nas costas.
Após o levante, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), da linha governista, acusou 10 deputados, incluindo o braço direito de Guaidó, Edgar Zambrano, por traição contra a pátria e conspiração.
“É uma ofensiva forte demais”, opinou Alexander Mendoza, comerciante de 30 anos, integrante de um grupo que carregava uma bandeira da Venezuela e outra americana. “O que peço aos Estados Unidos é que nos apoiem para que se restabeleça a democracia”.
– Até quando? –
Guaidó se mantém na disputa pelo poder com Maduro há três meses e meio, em meio à mais grave crise económica e social da potência petrolífera na sua história recente.
Desde que se autoproclamou presidente interino, em 23 de janeiro, após o Parlamento ter declarado a reeleição do líder socialista ilegítima, o engenheiro industrial de 35 anos liderou manifestação e pediu para os militares abandonarem Maduro, para fazer uma transição e “eleições livres”.
“Até quando podemos resistir como sociedade?”, questionou Guaidó neste sábado, referindo-se à crise no país.
Mas o herdeiro político de Hugo Chávez (1999-2013), que afirma enfrentar um “golpe de Estado” contínuo da oposição apoiada pelos Estados Unidos, continua contando com o apoio militar da Rússia e da China.
“Eu digo às autoridades militares dos Estados Unidos (…): não estamos pedindo, estamos exigindo que a lei seja respeitada”, disse o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, em um discurso transmitido pela TV neste sábado.