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Sábado, Novembro 23, 2024

Greve no CFL continua sem data para o desfecho

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Os trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, em greve há 21 dias, descartam a possibilidade de um possível encontro com a entidade empregadora por haver falta de honestidade e alegam que há muito que o Conselho de Administração perdeu credibilidade.

O porta-voz da comissão negociadora dos trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda, Lourenço Contreiras, que anunciou o facto ao Jornal de Angola, disse que os membros do Conselho de Administração pouco se interessam com a situação dos funcionários.

Face a essa situação, disse que a comissão negociadora entendeu dar abertura ao diálogo com pessoas idóneas indicadas pelo ministério de tutela para a resolução do diferendo. “Neste momento, estamos a negociar com o assessor do secretário de Estado para os Transportes Terrestres. Há dias, tivemos um diálogo fraterno, responsável e conseguimos chegar a um consenso, mas que ao seu tempo iremos informar.”

Lourenço Contreiras lamenta a atitude menos boa do Conselho de Administração para com os trabalhadores, que preferem ignorar todas as formas de manobras, no sentido de tentar desestabilizar os grevistas, que continuam a reclamar pela resolução dos pontos constantes no caderno reivindicativo.

Disse que foi o Conselho de Administração que suspendeu os serviços mínimos, através de uma nota de imprensa, alegando insegurança e que só retomaria quando as partes chegassem a um consenso.“Mas, infelizmente, na terça-feira, 7, o Conselho de Administração reuniu e decidiu, unilateralmente, voltar a circular as locomotivas na quarta-feira (ontem), passando de dois comboios, que eram os serviços mínimos, para seis sem sequer consultar a comissão negociadora, o que reprovamos de imediato”, disse Lourenço Contreiras.

De acordo com Lourenço Contreiras, o administrador para a área Técnica deslocou-se na terça- feira à Estação dos Musseques, onde fez ameaças e coagiu alguns maquinistas a subirem nas locomotivas, uma atitude que consideram irresponsável.

O porta-voz da comissão negociadora dos trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda garantiu que a greve só será levantada desde que haja garantia de aumento salarial, um dos pontos de que os trabalhadores não pretendem abrir mãos.

Esclarecimento dos CFL

O Conselho de Administração dos CFL decidiu, na terça-feira, 7, retomar a circulação dos comboios de passageiros suburbano no troço Bungo-Catete, para atender a necessidade de deslocação de milhares de pessoas. A circulação deste meio será assegurada pelos trabalhadores que não aderiram à greve.

Num documento enviado ao Jornal de Angola, o Conselho de Administração esclarece que, neste mesmo dia à tarde, quando se procedia a manobras para a entrada dos comboios nas oficinas gerais para reabastecimento das locomotivas, um grupo de trabalhadores em greve insurgiu-se, de forma violenta, contra esta operação, impedindo tal manobra.

Tal atitude, de acordo ainda com o documento, demonstra também os objectivos subversivos deste grupo de indivíduos que pretende chantagear o Estado, através da continuação desta paralisação injustificada, causando o descontentamento à população mais pobre como táctica para atingir as finalidades pessoais que os move, sem terem em consideração os interesses colectivos do povo.

A Administração da empresa dos Caminhos-de-Ferro de Luanda-EP lembra que, no exercício legal do direito à greve, o trabalhador grevista não deve impedir aqueles que não tenham aderido à greve de desempenharem as suas funções normais e denuncia a repetida má-fé que está na base da sustentação desta paralisação.

Reiterámos mais uma vez, que a declaração desta greve é uma represália às mudanças efectuadas pelo Conselho de Administração para “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”, a maior parte dos líderes e instigadores desta paralisação foram exonerados por conveniência de trabalho dos diversos cargos que ocupavam e estão ou estiveram envolvidos em situações de infracções graves das normas vigentes, desvios e roubos que prejudicaram a empresa em vários milhões de kwanzas.

O comunicado de imprensa refere também que, no passado dia 29 de Abril, sob auspício da Inspeção Geral do Trabalho realizou-se uma reunião de concertação entre o Conselho de Administração dos CFL-EP e a comissão negociadora dos grevistas, durante a qual ficou provado, através da exibição de documentos comprovativos, que a administração da empresa está efectivamente a cumprir com o que está acordado entre as partes.

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