por Gabriel Baguet Jr*
A realidade das Alterações Climáticas é uma evidência diária em vários lugares do Globo. Tal realidade tem afectado a vida de milhares de pessoas em todo o mundo e por mais que se alerte e discuta esta triste factualidade, parece que pouco se avança neste combate, apesar da grande mobilização global de diferentes gerações em prol desta causa. Aos líderes mundiais, à ONU, aos Governos, às Organizações Não Governamentais que lutam pela estabilidade de um Planeta saudável, à União Europeia, à União Africana e demais Organizações Internacionais, cabe firmar um Acordo Global que vincule juridicamente os Estados e os Governos face às Alterações Climáticas. Temos esta responsabilidade presente e futura. Não nos podemos abstrair deste facto e pensar que a contínua violação ao Clima, é uma violação a um Direito Humano. O Direito em viver num planeta saudável e seja em que lugar for do mundo. Embora na presente e actual Declaração Universal dos Direitos Humanos não se fale das Alterações Climáticas, mas a mesma no seu extenso conteúdo de 30 Artigos enuncia claramente que cito, a Assembleia Geral, ” Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição”, fim de citação. Considero que a luta que a nível global se tem feito para o despertar das assimetrias e das consequências que as Alterações Climáticas têm provocado, permite-me afirmar que urge uma consciência planetária pela preservação de um bom ambiente e um combate sério à poluição nos diferentes países do mundo e por isso reafirmo que embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos tenha sido criada há 70 anos, quem contribui para o progressivo aumento das Alterações Climáticas está a praticar um crime e violar os Direitos Humanos. Recentemente a voz de Greta Ernman Thunberg , nascida em Estocolmo, a 3 de Janeiro de 2003 é a ativista do clima na
Suécia fez-se ouvir. Rapidamente os seus apelos e intervenção pública multiplicaram por todo o mundo, tendo tido contacto pessoal com ex-Presidente norte-americano Barack Obama e outros líderes internacionais como o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres tocando no coração de milhões de pessoas. Greta Thunberg tornou-se conhecida por ter protestado fora do prédio do parlamento sueco, e por ser a líder do movimento Greve das escolas pelo clima.
Em Agosto de 2018, Greta Thunberg ausentava-se das aulas para protestar, próxima do parlamento sueco, exigindo por mais ações para mitigar as mudanças climáticas por parte dos políticos de seu país. Eventualmente, estudantes de outras comunidades organizaram-se para protestos semelhantes ao de Greta Thunberg.
Activismo
Em 20 de Agosto de 2018, Thunberg, cursando o nono ano, decidiu não frequentar a escola até as eleições gerais de 2018 na Suécia, em 9 de setembro, depois de ondas de calor e incêndios na Suécia. Os seus pedidos foram que o Governo da Suécia reduzisse as emissões de carbono, de acordo com o Acordo de Paris, e ela protestou sentando do lado de fora do Riksdag todos os dias, durante o horário escolar com o sinal de “Skolstrejk för klimatet” que em Língua portugesa significa “de Greve da Escola pelo Clima”.
Após as eleições gerais, ela continuou a greve somente nas sextas-feiras ganhando atenção mundial. Protestos semelhantes foram organizados em outros países, como a Holanda, a Alemanha, a Finlândia e a Dinamarca. Na Austrália, milhares de estudantes foram inspirados por Thunberg a fazer greve na sexta-feira, ignorando os comentários do Primeiro-Ministro Scott Morrison que diziam “mais de aprendizagem nas escolas e menos ativismo”.
No Twitter, ela usou hashtags e disseminou a consciência online. Thunberg participou na manifestação Rise for Climate (Erga-se pelo Clima) em frente ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, e a Declaração de Rebelião organizada pela Extinção Rebelião em Londres.
Em 4 de Dezembro de 2018, Thunberg abordou a COP24 das Nações Unidas para a Cúpula das Alterações Climáticas. Na sua declaração para o COP24 em 12 de dezembro de 2018 na assembleia plenária, ela observou e disse o seguinte:
“Vocês só falam de crescimento econômico eterno verde porque vocês estão com muito medo de ser impopulares. Vocês só falam em seguir em frente com as mesmas ideias ruins que nos meteram nessa confusão, mesmo quando a única coisa sensata a fazer é puxar o freio de emergência. Vocês não são maduros o suficiente para dizer como é. Mesmo esse fardo vocês deixa para nós”. fim de citação de Greta Thunberg. Efectivamente nos seus 16 anos lança à juventude do seu próprio país, mas à juventude de todo o mundo e não só (outras gerações estão envolvidas nesta causa), a consciência e a ética para lutar por um mundo melhor, mais justo e fraterno. A dialética política em relação às Alterações Climáticas tem que ser outra e a praxis política em relação a esta matéria e as outras que afectam o planeta têm que fazer parte integrante das Agendas da Governação Mundial.
Das múltiplas acções que Greta foi tendo destaca-se a “Extinction Rebellion”, (Declaração de Rebelião) escrita em Londres
em Outubro de 2018, denominada a ‘Declaração de Rebelião’ organizada pelo Extinction Rebellion, um movimento político-social que utiliza a resistência não violenta e da desobediência civil para compelir a ação governamental no combate as mudanças climáticas, opondo às Casas do Parlamento. Ela disse: “Estamos enfrentando uma crise sem precedentes que nunca foi tratada como uma crise e os nossos líderes estão agindo como crianças. Nós precisamos acordar e mudar tudo”. É uma realidade que a acção da jovem Greta Thunberg tem mudado o cenário do mundo. O assunto não está adormecido nas gavetas, nem cheira a mofo. Por muito que alguns políticos a nível internacional se incomodem com o posicionamento de Greta, ela ganhou inquestionavelmente a admiração de milhões de pessoas. Fazer política no século XXI não é apenas a teorização discursiva para as populações ouvirem. Fazer política no Século XXI é agir, fazer e praticar o que se diz em prol de um Povo e de uma Nação. Já não basta discursar. Os discursos são necessários para anunciar medidas concretas e executar as mesmas prevendo as imprevisibilidades, mas já chega de promessas vazias e sem conteúdo. Assim deveria ser a Governação Global e a acção Local.
Mas das palavras de Greta, também se destaca a intervenção em TEDxStockholm:
O dia 24 de Novembro de 2018, quando ela falou no TEDxStockholm.Ela falou sobre quando ela percebeu, com 8 anos de idade, que as mudanças climáticas existiam e ficou imaginando o motivo de não ser manchete em todos os canais, como se tivesse uma guerra acontecendo. Ela disse que não foi a escola para se tornar uma cientista do clima, como alguns sugeriram, porque a ciência chegou ao seu fim e somente restaram a negação, a ignorância e a inactividade. Especulando que os seus filhos e seus netos perguntariam a ela o motivo pelo qual eles não agiram em 2018 enquanto ainda restava tempo, ela concluiu que “nós não podemos mudar o mundo jogando pelas regras, porque as regras precisam ser mudadas.”
Mas se aos 8 anos de idade, existia já essa consciência individual em Greta Thunberg, também se dirigiu ao COP24.
Greta enviou uma carta para à Conferência das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas, conhecida como COP24, em 4 de dezembro de 2018 e também falou diante da plenária em 12 de dezembro de 2018. Durante a conferência, ela também participou num painel falando junto dos representantes da Fundação “Nós Não Temos Tempo” (We Don’t Have Time foundation), na qual ela falou sobre o início da greve escolar.
Pela participação constante que tem em prol do Clima, Greta recebeu vários prêmios, nomeadamente
quando Greta Thunberg foi uma das vencedoras do artigo de debate do Svenska Dagbladet numa competição sobre o clima para os jovens em Maio de 2018.Thunberg foi indicada para o prêmio da empresa de eletricidade Telge Energi para crianças e jovens que promovem o desenvolvimento sustentável, o Prêmio do Clima para Crianças, mas recusou porque os finalistas teriam de voar para Estocolmo. Em Novembro de 2018, ela recebeu a bolsa Fryshuset de jovem modelo do ano.
Em 21 de Julho de 2019, ela recebeu o Prêmio da Liberdade da Normandia, em Caen, no norte da França, recebendo, além de um troféu, 25 mil euros para promover sua iniciativa.
Em Março de 2019, Greta foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz e o resultado será divulgado em outubro de 2019.
Esta luta que Greta Thunberg trava e outros activistas mundiais são o caminho para um planeta habitável em condições seguras e sustentáveis.
As mudanças climáticas são a maior ameaça ambiental do século XXI, com consequências profundas e transversais a várias áreas da sociedade: económica, social e ambiental.
Todos nós, sem excepção, estamos a ser afectados por esta questão: cidadãos comuns, empresas, governos, economias e, mais importante de todos, a Natureza.
As Mudanças climáticas sempre foram registadas ao longo dos milhares de anos que o planeta Terra tem. O problema prende-se com o facto de, no último século, o ritmo entre estas variações climáticas ter sofrido uma forte aceleração e a tendência é que tome proporções ainda mais caóticas se não forem tomadas medidas pragmáticas e conscientes.
A ocorrência de ondas de calor e secas são fenómenos cada vez mais frequentes, e as consequentes perdas agrícolas representam uma ameaça real para as economias mundiais. É um facto que não podemos ignorar.
No cerne destas mudanças estão os chamados gases de efeito estufa, cujas emissões têm sofrido um aumento acentuado. O CO2 (dióxido de carbono) é o principal gás negativo desses designados de efeito estufa, e são consequência directa do uso/queima de combustíveis fósseis como o carbono, o petróleo e o gás com fins de produção energética.
É, por isso, imprescindível reduzir as emissões deste tipo de gases. Como? Eliminando, progressivamente, o uso massivo dos combustíveis fósseis, substituindo-os pelas energias renováveis, fomentando a poupança de energia e eficiência energética.
A actividade humana foi apontada, em 2007, por cientistas especializados nesta área e reunidos sob o Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas, como sendo a principal causa destas mudanças do clima.
Ao mantermos uma atitude inerte e apática perante esta questão, corremos o risco de sermos expostos a eventos climáticos extremos e imprevisíveis (como os que têm vindo a ser noticiados nos últimos tempos) e com efeitos nefastos para todo o mundo!
A temperatura, no século passado, registou um acréscimo de 0,76ºC. A previsão é que no presente suba entre 1,1 a 6,4ºC, dependendo das medidas mitigadoras que sejam encetadas.
Este incremento da temperatura média tida como normal em mais 2ºC pode induzir respostas céleres, imprevistas e não-lineares que podem desencadear danos irreversíveis nos ecossistemas terrestres.
“As alterações climáticas estão a avançar mais rapidamente do que nós”. Assim começou o discurso do Secretário-geral da ONU, António Guterres, aquando da apresentação em Nova Iorque do relatório “Nova Economia do Clima”. De acordo o líder da ONU, os últimos 18 anos foram os mais quentes desde que há registo e que as emissões de gazes com efeito estufa na atmosfera continuam a aumentar. É pois nesse contexto que o Secretário-geral da ONU pede mais ambição e urgência na luta contra as alterações do clima.
António Guterres aproveita a ocasião para salientar que esta luta constitui não só um desafio, mas também uma oportunidade económica para que as grandes empresas e as multinacionais se tornem mais resilientes, que deve contar com o apoio de novos investidores. A transição energética surge como uma oportunidade económica, pois permite diminuir os gases de efeito de estufa com a redução da utilização das energias fósseis. O relatório indica ainda que algumas energias renováveis já implicam menores custos do que alguns combustíveis fosseis.
O Secretário-geral das Nações Unidas terminou o seu discurso sublinhando a importância de uma ação coletiva que trave eficazmente as alterações climáticas.
O clima está a mudar, com consequências cada vez mais visíveis. Já repararam que os fenómenos climáticos tendem a ser mais extremos em cada país e no resto do mundo? Não acham que os invernos estão mais amenos, com menos neve e mais chuva, e que todos os anos o desabrochar das flores e a chegada dos pássaros anunciam a Primavera cada vez mais cedo? Todos estes sinais apontam para uma aceleração do fenómeno das alterações climáticas, também designado por aquecimento global. Se não fizermos nada, é quase certo que no decurso deste século o aquecimento global vai mudar drasticamente o mundo em que vivemos e os nossos modos de vida. Milhões de pessoas podem correr perigo de morte. Se olharmos e falando agora de Angola, a seca na região sul do país é também uma evidência das Alterações Climáticas. O que se passa no Cunene e na Huíla, duas províncias do sul de Angola são catástrofes da natureza, mas também da acção humana. De acordo com a UNICEF, 2, 3 milhões de crianças passam fome e estão desnutridas. Estes números são assustadores
O clima está a mudar por causa da forma como as pessoas vivem hoje em dia, em especial nos países mais ricos e economicamente desenvolvidos, que incluem os da União Europeia. As centrais que produzem a energia necessária para termos electricidade e aquecimento nas nossas casas, os automóveis e os aviões em que viajamos, as fábricas que produzem os bens que compramos e as explorações agrícolas onde são cultivados os alimentos que consumimos contribuem para as alterações climáticas, emitindo os chamados «gases com efeito de estufa». O efeito de estufa A nossa atmosfera funciona como uma camada transparente e protectora que envolve a Terra, deixando passar a luz do Sol e retendo o calor. Sem a atmosfera, o calor do Sol, ao incidir na superfície do nosso planeta, seria reenviado para o espaço; a temperatura na Terra seria cerca de 30°C mais baixa e tudo congelaria. Assim, a atmosfera funciona um pouco como as paredes de vidro de uma estufa e é por isso que se fala do «efeito de estufa». Os responsáveis por este efeito são os «gases com efeito de estufa» da atmosfera, que absorvem o calor. Espero que todas as vozes do mundo ganhem cada vez mais consciência por esta causa que é afinal é de todos nós. Nos vossos locais de trabalho, em casa, na rua e noutro lugar do planeta em que estejam, fomentem e cruzem ideias em torno desta delicada questão da Humanidade como de outras que ajudem a melhorar os nossos dias e a nossa existência.
*Escritor/Investigador