“Deixei a Síria por medo dos bombardeamentos – mas quando isto aconteceu, desejei ter morrido sob uma bomba”. Najma al-Khatib, professora síria de 50 anos e mãe de dois filhos, é uma das testemunhas ouvidas pelo The New York Times.
Ao jornal, conta que foi levada de um centro de detenção na ilha de Rodes por oficiais gregos mascarados e abandonada num bote sem leme e sem motor em alto mar, antes de ser resgatada pela Guarda Costeira turca. Com ela estavam outras 22 pessoas, incluindo dois bebés.
Segundo o jornal, as autoridades gregas terão feito pelo menos 31 expulsões semelhantes desde Março – no total 1.072 requerentes de asilo foram abandonados em mar alto.
Os refugiados abandonados são maioritariamente sírios que fogem da guerra civil, mas segundo os registos da organização internacional Human Rights Watch há também imigrantes que residem e trabalham legalmente em território grego.
Feras Fattouh, técnico de raio-x nascido na Síria há 30 anos, é um dos exemplos. A residir legalmente na Grécia desde Novembro de 2019, conta que foi transportado mais de 600 quilómetros em direcção à fronteira com a Turquia, onde foi colocado num bote com outras 18 pessoas.
Feras Fattouh foi expulso sozinho. A mulher e o filho continuaram na Grécia.
Em resposta à investigação, o Governo grego nega qualquer irregularidade e garante cumprir com o direito internacional que inclui o tratamento de refugiados e migrantes.