O governo venezuelano denunciou nesta quinta-feira um suposto plano do líder da oposição Juan Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos, para “entregar” para empresas multinacionais um território rico em recursos minerais, cuja posse posse Caracas disputa com a Guiana.
“Sabemos que essa organização criminosa, sob a fachada política, pretende fazer que a Venezuela renuncie ao nosso território, renuncie à nossa soberania”, disse a vice-presidente Delcy Rodríguez em discurso no canal estatal VTV, citada pela AFP.
Essa “organização criminosa” seria chefiada por Guaidó e estaria “a serviço de empresas multinacionais e do governo dos Estados Unidos, que pretendem impor o seu projecto imperial”, afirmou Rodriguez.
Para respaldar a acusação, a vice-presidente revelou uma mensagem de voz enviada para um “assessor externo” de Guaidó que seria de uma pessoa que identificou como funcionária do governo americano.
Na mensagem, segundo Rodriguez, a suposta funcionária pede “que (Guaidó) mude a posição da Venezuela (…) para entregar o (território disputado) Esequibo (…) à ExxonMobil e outras empresas multinacionais”.
Sentada ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino, a vice-presidente pediu à Procuradoria “para agir contra os membros desta organização criminosa internacional” e determinar “as responsabilidades e sanções aos envolvidos”.
Julio Borges, nomeado por Guaidó como seu “comissário para as relações exteriores”, rebateu no Twiter as acusações, indicando que seriam uma “manobra” para “encobrir” que o governo de Nicolás Maduro esconde “narcoterroristas”, referindo-se à queixa da Colômbia sobre o suposto refúgio concedido por Caracas aos dissidentes da guerrilha dissolvida das Farc.
O Esequibo é um território rico em minerais e uma zona marítima com recursos petrolíferos cuja soberania a Venezuela reivindica da Guiana, questionando uma sentença arbitral emitida em Paris no final do século XIX que concedeu a área à então colónia britânica.
Caracas, que reivindica um acordo de 1966 assinado com o Reino Unido que estabeleceu uma solução negociada, nunca reconheceu esse limite e o conflito voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região.