A junta militar que tomou o poder na Guiné-Conacri divulgou esta terça-feira, 28 de Setembro, uma carta onde define a missão e deveres do Governo de transição no qual proíbe os membros da junta e do partido de Alpha Condé, de concorrerem às próximas eleições.
Mamady Doumbiya, tenente coronel que liderou o golpe militar a 5 de Setembro último, manter-se-á como presidente durante o período de transição, porém, a data das eleições ainda não foi determinada.
Na carta lida, ao final da noite desta segunda-feira, pela televisão estatal revela-se o esboço de um Governo, chefiado por um primeiro-ministro civil e um Conselho Nacional de Transição, que servirá como Parlamento. Assim sendo, o conselho será composto por 81 membros, de partidos políticos, líderes juvenis, forças de segurança, sindicatos, líderes empresariais e outros.
O órgão será liderado por um presidente e dois vice-presidentes, e deverá integrar ainda pelo menos 30% de mulheres entre os seus membros.
De acordo com a carta, o órgão de transição que concorrer este ano, estará proibido de concorrer nas próximas eleições nacionais e locais que restituirá o poder a um Governo e a uma administração eleitos, que disputarão a candidatura do Presidente Alpha Condé, a um terceiro mandato, considerado inconstitucional pela oposição, em 18 de Outubro de 2020, que originou meses de tensão e que resultou em dezenas de mortes.
Vários defensores dos direitos humanos criticaram a tendência autoritária observada durante os últimos anos na presidência do Presidente deposto Alpha Condé, questionando as conquistas do início da sua governação.
De relembrar que Alpha Condé, um ex-opositor histórico, preso e até condenado à morte, tornou-se em 2010, no primeiro Presidente eleito democraticamente na Guiné Conacry foi deposto após um golpe de estado a 5 de Setembro do ano em curso.