O Campeonato Nacional de futebol “Girabola” inicia sábado, com um histórico que remonta o ano de 1979, altura em que se disputou a edição de estreia, com uma mobilização generalizada de 16 províncias de então – antes da repartição da Lunda em Norte e Sul e a criação do Bengo.
Estiveram presentes 24 equipas, divididas em quatro séries de seis cada, envolvendo meias-finais e final, num formato diferente do actual, jogado em sistema de todos contra todos a duas voltas.
As 14 primeiras classificadas apuraram-se para a II edição, em 1980, já jogada no modelo tradicional de hoje, onde as três últimas são despromovidas e as três vencedoras do torneio de apuramento promovidas à primeira divisão.
As melhores equipas fundadoras foram: 1.º de Agosto, Nacional de Benguela, TAAG, Palancas do Huambo, Mambroa, FC e Construtores do Uíge, Académica do Lobito, Desportivo da Chela, Ferroviário da Huíla, Diabos Verdes, Santa Rita, Sassamba da Lunda Sul e Sagrada Esperança.
As demais classificadas entre a 15.ª e 24.ª foram: Luta SC de Cabinda, FC Mbanza Congo, Ginásio do Kuando Kubango, Xangongo do Cunene, Naval do Porto Amboim, Diabos Negros, Makotas de Malanje, Vitória do Bié, Juventude do Kunje e 14 de Abril.
O 1º de Agosto foi o primeiro campeão nacional de Angola, com vitória na final sobre o Nacional de Benguela, por 2-1. Para chegarem à primeira e única final da história do evento, os “militares” eliminaram a então TAAG (hoje ASA) e os Palancas do Huambo.
No histórico, o Girabola ficou marcado com a goleada da TAAG (actual ASA) de 11-0 sobre o Desportivo de Xangongo do Cunene, naquele que foi considerado um dos resultados mais volumosos da prova.
O 1.º de Agosto foi o primeiro tricampeão (1979, 1980 e 1981). Os “militares” são os únicos totalistas da prova, depois do ASA, actualmente fora da competição por problemas financeiros.
O campeonato registou em 1981 a entrada do Petro de Luanda, que acabou por dominar o futebol nacional, somando até agora 17 títulos, contra 13 do 1.º de Agosto.
Luanda dá goleada em triunfos, pois a taça de campeão nacional só saiu oito vezes em 45 edições – Petro (17), 1º Agosto (13), ASA (3), Interclube (2) e Kabuscorp (1).
Das provincias fora de Luanda que levaram o “caneco” figuram o Recreativo do Libolo do Cuanza Sul (4), o 1.º de Maio de Benguela (2) e o Sagrada Esperança da Lunda Norte (2).
Em consequência do conflito armado que o país viveu, a província do Huambo viu os seus clubes afastados da competição em 1993 e 1994, altura em que o Girabola foi disputado por apenas 12 equipas, enquanto o sistema de três pontos (em vez de dois) por triufo foi implementado em 1995.
A equipa com maior sequência de vitórias é o Petro de Luanda, com cinco (1986-1990). João Machado (18 golos) dos Diabos Verdes foi o goleador inaugural. O recorde de tentos, no entanto, pertence até agora a Carlos Alves (1980) com 29, ao serviço do 1.º de Agosto.
O português Bernardino Pedroto, ao serviço do ASA, detém o maior número de títulos e a melhor sequência de triunfos (2002, 2003 e 2004).
Para 2023-24 a prova regista o regresso do Kabuscorp do Palanca e duas estreias, designadmanete, o São Salvador do Zaire e o União de Malanje. Estas três equipas substituem os despromovidos da edição anterior, Sporting de Benguela, ASK Dragão do Uíge e Cuando Cubango FC.
Girabola teimosamente sem VAR
A nova edição do campeonato nacional da primeira divisão, vulgo Girabola, terá o seu pontapé de saída neste sábado, 24, e mais uma vez sem direito ao recurso do árbitro assistente de vídeo (VAR, do inglês Video Assistant Referee).
Implementado pela primeira vez há 5 anos no Campeonato do Mundo da Rússia com o objectivo de ajudar a esclarecer lances duvidosos, o VAR, ainda está longe da realidade angolana, estando na base disso o custo elevado do aparato, além da ausência de técnicos para o seu manuseamento.
A compra do equipamento completo estima-se em três milhões de euros (um euro equivale a 878.82 – oitocentos e setenta e oito Kwanzas), valor distante de ser subsidiado pela Federação Angolana de Futebol (FAF).
Além da questão financeira, o pocesso exige, também, a formação de mais de 30 profissionais entre árbitros e observadores para o manuseamento dos equipamentos de modo que os lances dividosos sejam esclarecidos em tempo recorde.
Devido a eficácia em lances susceptíveis de dúvidas (foi ou não penálte, dentro ou fora, a bola passou a linha ou não, houve algum tipo de infracção), uma segunda geração do dispositivo foi usado já no Campeonato do Mundo do Qatar, de 20 de Novembro a 18 de Dezembro de 2022.
A International Football Association Board (IFAB), órgão que define as regras da modalidade, anunciou que a nova tecnologia diminui para três ou quatro segundos o tempo para definir um impedimento, que antes chega a ultrapassar cerca de quatro minutos.
Por conta dos valores envolvidos no continente africano apenas a África do Sul e o Egipto optaram pelo uso deste árbitro electrónico. Moçambique utilizou a técnica apenas por um período experimental. MC