Uma rede de nove indivíduos, sendo oito funcionários da empresa Ghassist, que se dedicava, há anos, na facilitação da saída de droga do tipo cocaína, das aeronaves provenientes do Brasil, para o exterior do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, foi desmantelada pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) e apresentada, ontem, em Luanda, à imprensa.
O director-geral do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC, superintendente Manuel Halaiwa disse que, da operação, foi possível apreender seis quilos e 834 gramas de cocaína, que estavam escondidos no interior do quarto de banho da aeronave. Os cidadãos envolvidos no tráfico têm entre 29 e 45 anos de idade.
O superintendente de Investigação Criminal explicou que, dos nove cidadãos envolvidos no crime, oito são funcionários da empresa Ghassist, responsável pela higienização do interior das aeronaves. Destes, cinco são motoristas e três operadores de limpeza que trabalhavam na companhia há quatro e oito anos, respectivamente.
Manuel Halaiwa esclareceu que o desmantelamento da organização criminosa começou a ser feito no dia 13 de Dezembro, onde se apurou que alguém, oriundo do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, Brasil, antes de sair da aeronave colocava a droga nos compartimentos do WC e depois saía do Aeroporto 4 de Fevereiro, como se nada tivesse acontecido.
“Depois de todos os passageiros saírem da aeronave, o pessoal de limpeza, devidamente instruídos pelo mandante, entravam no WC, recolhiam a droga, camuflavam dentro dos sacos de lixo e entregavam aos motoristas”, detalhou.
Os motoristas, por sua vez, transportavam-na para o exterior do Aeroporto até chegar aos responsáveis pelo tráfico de droga em Luanda e nas demais províncias do país.
Segundo Manuel Halaiwa, a interrupção da operação criminosa foi possível graças a um trabalho aturado da Direcção Central de Narcotráfico, que culminou com a detenção de um cidadão a vender 222 gramas de cocaína, num período em que o SIC procurava desvendar em que moldes a droga entrava no país, mesmo com fortes medidas de segurança.
Portanto, disse que foi através deste que o SIC, em colaboração com a Direcção Central de Narcotráfico, conseguiram chegar até à rede criminosa que tirava a droga. Assegurou que continuam as diligências para se determinar e deter outros envolvidos, com ramificações na República Federativa do Brasil, Angola, Portugal, RDC, entre outros pontos.
O director-geral do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC disse ainda que os nove cidadãos já foram ouvidos pelo Ministério Público, em primeiro interrogatório, e estão detidos.
O oficial de investigação criminal recordou que, no dia 13 de Dezembro de 2020, foram, também, apreendidos uniformes de trabalho, nomeadamente calças, coletes, passes de acesso ao Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, além de outros meios de trabalho da empresa Ghassist. Os meios eram usados pelos funcionários em causa para terem acesso ao interior do aeroporto e nas aeronaves, mesmo em dias de folga.
Explicou que, de acordo com a qualidade da droga transportada, as pessoas envolvidas na rede podiam receber, na hora da entrega, valores que variam entre três milhões ou mais milhões de kwanzas. Para os demais elementos do grupo, de acordo com a participação, poderiam ser compensados com 100 a 300 mil kwanzas.
Manuel Halaiwa informou que um dos detidos está envolvido no tráfico de droga de 12 quilos e 102 gramas, que foram apreendidas no dia 20 de Setembro de 2020. “O cidadão em causa foi solto no mesmo dia da apreensão, porque apresentou declarações falsas, como se nada tivesse feito, mas como o crime não compensa , voltou a cometer e agora está preso”.