A França decidiu, na sexta-feira, chamar de volta os seus embaixadores nos Estados Unidos e na Austrália para significar o seu descontentamento, após a decisão do governo australiano de cancelar um contrato com a França para a venda de submarinos, em benefício dos norte-americanos.
A decisão da França de chamar de volta os seus embaixadores em Washington e Canberra é uma medida sem precedentes e revela o grau de descontentamento do governo de Paris, em relação aos seus aliados norte-americanos e australianos.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, o Presidente Emmanuel Macron, decidiu convocar a Paris os embaixadores franceses nos Estados Unidos e na Austrália, na sequência do cancelamento do contrato pelo governo de Canberra respeitante à construção de 12 submarinos pela França.
O chefe da diplomacia francesa acrescentou, que, a decisão foi tomada perante a excepcional gravidade dos comunicados efectuados no dia 15 de Setembro de 2021 pela Austrália e os Estados Unidos.
Jean-Yves Le Drian declarou que o abandono pelo governo de Canberra do projecto para a construção dos submarinos, que a Austrália e a França preparavam desde 2016, constitui um “comportamento inaceitável ” entre aliados e parceiros.
Le Drian sublinhou que as consequências do novo pacto militar entre os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido afecta o conceito que os franceses têm de aliança, se for tomada em consideração a importância que a região do Indo-Pacífico tem para a Europa.
O embaixador da França, em Washington, Philippe Etienne, realçou também que a sua chamada à Paris, está relacionada com a visão que a França tem em termos de aliança, assim como a importância, que geopoliticamente os europeus atribuem ao Indo-Pacífico.
A França possui no Indo-Pacífico os territórios ultramarinos de Nova Caledónia e da Polinésia francesa, que fazem dela o único país europeu a beneficiar de uma presença estratégica e militar na citada região.