Uma semana depois do ataque terrorista em Palma, na província de Cabo Delgado, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, quebrou o silêncio. Analistas exigem ao Governo que peça ajuda externa para combater os insurgentes.
O chefe de Estado moçambicano falou pela primeira vez publicamente sobre o ataque terrorista à vila sede do distrito de Palma, há uma semana. Filipe Nyusi minimizou o sucedido.
“Foi mais um ataque. Não foi maior do que tantos outros que tivemos, mas tem esse impacto por ter sido na periferia dos projectos em curso naquela província”, afirmou o estadista esta quarta-feira (31.03) no posto de administrativo da Ponta d’Ouro, onde inaugurava a delegação distrital do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
O chefe de Estado apelou à calma e serenidade dos moçambicanos, depois do ataque que ceifou a vida de dezenas de pessoas na sede do distrito de Palma. E pediu união para que o país continue no rumo do desenvolvimento.
“Não percamos o foco, não fiquemos atrapalhados. Vamos abordar o inimigo como temos estado a abordar, com alguma contundência, como as Forças de Defesa e Segurança estão a fazer, porque a falta de concentração é o que os nossos inimigos internos e externos querem. Nós temos que nos concentrar, abraçarmo-nos e avançarmos. Temos estado, segundo a segundo, a seguir o trabalho que os jovens no terreno estão a fazer.”
Apoio internacional
A actuação do chefe de Estado após o mais recente ataque terrorista em Cabo Delgado não agrada a muitos moçambicanos. Além da demora no pronunciamento de Filipe Nyusi sobre Palma, as vozes críticas apontam também para o silêncio quanto às ofertas de apoio vindas da comunidade internacional para combater o terrorismo.
Para Borges Nhamire, investigador do Centro de Integridade Pública (CIP), está na hora de o Governo se abrir à ajuda externa para combater o terrorismo em Cabo Delgado.
O problema está “do lado de Moçambique, que nunca aceitou a ajuda nos termos que tinha”, frisa Nhamire, e não do lado do lado da comunidade internacional.
Após várias ofertas de ajuda ao país e com a suspensão das operações no projecto da petrolífera Total, junto a Palma, o Executivo moçambicano “fica pressionado a aceitar” o apoio, acrescenta o analista.
Desde que se iniciaram os ataques terroristas em Cabo Delgado, em 2017, mais de duas mil pessoas morreram e mais de 700 mil estão deslocadas.