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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Falta de água nos prédios cria oportunidade de renda para várias famílias

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FONTE:ANGOP

A falta de água corrente em alguns prédios da cidade do Huambo, devido ao mal estado técnico da rede interna, criou inúmeras oportunidades para o sustento de várias famílias desta região do Planalto Central do país.

Numa ronda efectuada, esta segunda-feira, pela ANGOP, em alguns edifícios erguidos na época colonial, constatou-se a presença de várias senhoras que, diariamente, acarretam água para o consumo dos moradores, de forma a obterem uma renda para sustento das suas famílias.

Trata-se dos prédios da ex-Fapa, Angotel, Energia e das Gráficas, com mais de 10 andares, cuja rede interna de abastecimento encontra-se, totalmente, danificada.

Ouvidos pela ANGOP, algumas destas senhoras que se dedicam ao acarretamento de água informaram que têm sido contratadas pelos moradores que pagam pela transportação de cada recipiente de 20 litros, entre 100 a 150 Kwanzas, a depender do andar.

Teresa Cassinda, de 32 anos de idade, explicou que, diariamente, consegue facturar, entre mil a dois mil Kwanzas, para o sustento dos oito filhos.

Disse tratar-se de uma actividade de “bastante sacrifício” que exige, acima de tudo, esforço, empenho e dedicação, colocando, muita das vezes à sua saúde risco.

Imaculada Chilombo, de 49 anos, disse praticar esta actividade, há mais de 20 anos, sendo que, apesar de todo empenho, no final de cada mês, consegue arrecadar, entre 10 mil e 13 mil Kwanzas, um valor muito aquém das necessidades básicas familiares.

“Estamos a pensar, também, em aumentar a cobrança por cada 20 litros de água, actualmente, entre 100 a 150 para 200 ou 250 Kwanzas, embora os moradores esteja, também, a se queixar da falta de dinheiro”, disse.

Segundo Mariana Antónia, de 28 anos de idade, o dinheiro que arrecada tem contribuído na renda familiar, porém insuficiente para suprir questões ligadas à saúde, educação e aquisição de meios para agricultura, uma vez que conta com um campo de cultivo herdado de seus familiares.

Por sua vez, os moradores destes prédios solicitaram a resolução urgente da situação, a fim de deixarem de depender das senhoras para obtenção da água potável.

Manifestaram descontentamento pela inexistência de uma rede de distribuição em alguns edifícios da cidade do Huambo, fazendo com que os moradores sejam obrigados a recorrer, de forma permanente, a estas senhoras para obter água em casa.

De igual modo, lamentaram o facto de a maioria dos edifícios da cidade do Huambo estarem, há mais de 30 anos sem água potável, por falta de manutenção das respectivas condutas.

Versão da empresa de águas

Em resposta, o presidente do Conselho de Administração da Empresa de Águas e Saneamento do Huambo, Adolfo Elias Gomes, admitiu que, para além da rede técnica interna estar obsoleta, a fraca pressão do sistema actual de distribuição está a impedir a subida da água, sobretudo, a partir do quarto andar.

O gestor indicou, igualmente, o mau estado dos reservatórios de água e dos sistemas de bombeamento nos grandes edifícios da cidade do Huambo, cuja manutenção dependia, até então, dos proprietários dos edifícios.

Nesta altura, segundo Adolfo Elias Gomes, a empresa tem a responsabilidade de colocar água até à entrada dos edifícios, sendo que a estruturação da rede interna cabe aos proprietários dos apartamentos, uma situação que carece de um estudo coordenado com o sector da Habitação.

Adiantou que a Empresa de Águas e Saneamento do Huambo tem, actualmente, uma capacidade de 30 mil metros cúbicos/dia, distribuídos para 89 mil clientes, dos quais 58 mil activos.

A província do Huambo, localizada no Planalto Central de Angola, conta com uma população estima em mais dois milhões 700 mil habitantes, distribuídos pelos municípios do Bailundo, Caála, Cachiungo, Chicala-Cholohanga, Chinjenje, Ecunha, Huambo, Londuimbali, Longonjo, Mungo, Ucuma e Huambo.

Destes, apenas o município do Huambo, sede da província com o mesmo nome, conta com edifícios acima de cinco andares. MLV/ALH

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