Nascido 12 de Maio de 1944 em Matadi, na actual República Democrática do Congo, no seio de uma família angolana oriunda da província do Zaire, Siona Bole Casimiro formou-se em jornalismo no Centro de Formação Profissional de Jornalistas (CFPJ) de Paris e iniciou a sua carreira em 1968 em Kinshasa depois de ter passado pela agência britânica Reuters.
Titular n°1 da carteira profissional de jornalista em Angola, fundador do Sindicato dos Jornalistas do seu país, Siona Casimiro trabalhou para diversas entidades estrangeiras, nomeadamente a PANA, a France Presse e a Associated Press, mas também trabalhou para órgãos nacionais, com destaque para a Rádio Ecclesia e o jornal Apostolado, ou ainda a agência noticiosa angolana Angop, onde foi director da informação entre 1989 e 1991.
Luísa Rogério, Presidente da Comissão da Carteira e Ética dos jornalistas de Angola, que o conheceu na Angop quando ela própria enveredou para a via da comunicação social, recorda a figura daquele que considera como um “monstro sagrado” do jornalismo em Angola.
“Foi dos profissionais que mais dignificou a classe jornalística. Era alguém que sempre falava da linha profissional, do jornalismo ético, deontológico, responsável e cidadão. Siona Casimiro deixa um legado imensurável para a classe. Do ponto de vista humano, tinha a generosidade e a solidariedade como traços mais marcantes. Era alguém que era profundamente reverenciado porque fazia valer os seus pontos de vista, defendia a classe como poucos, aliás é fundador do Sindicato dos Jornalistas. Portanto, é um momento muito triste para o jornalismo angolano porque era o nosso decano”, começa por recordar a jornalista.
Ao recordar os primeiros passos no jornalismo, sob orientação de Siona Casimiro na Angop, Luisa Rogério lembra um profissional atento aos outros.”É alguém que ao longo da sua trajectória, quando eu comecei -eu conheci-o enquanto director na Angop- conseguia partilhar com os mais novos, conseguia agregar diferentes gerações de jornalistas angolanos, sempre com uma palavra amiga, sempre com uma palavra de incentivo e foi das pessoas que exercitou como ninguém o sentido da expressão ‘corporativista’. Isto era das marcas mais fortes da figura do Siona Casimiro. Razão pela qual, nós jornalistas angolanos, estamos muito tristes, muito consternados com a partida dele. Gosto de considerá-lo como um dos ‘monstros sagrados’ do jornalismo angolano. Também era um dos grandes defensores da liberdade de imprensa. Foi das primeiras pessoas a introduzir o termo em Angola”, refere Luisa Rogério.
Reagindo igualmente à morte de Siona Casimiro, o Ministro angolano Mário Augusto Oliveira lamentou, numa nota dirigida à família enlutada e à classe jornalística, a perda de “um grande nome do jornalismo angolano”.
Por Liliana Henriques