Na abertura da Cimeira da Acção Climática para a Juventude, o secretário-geral das Nações Unidas alertou que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento baseado numa boa relação entre a humanidade e o planeta.
Segundo avança a DW, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse este sábado (21.09) na abertura da Cimeira da Acção Climática para a Juventude, em Nova York, que, pela primeira vez na história, existe um “conflito sério entre pessoas e natureza”.
António Guterres afirmou também que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento, ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as pessoas, mas também uma relação boa entre as populações e o planeta.
O diplomata português mencionou que os conflitos políticos e geográficos acontecem há milhares de anos, mas a novidade é que as populações estão em conflito com o planeta e as consequências estão a atingir os mais vulneráveis. O conflito com a natureza “pode ser absolutamente destrutivo para o futuro das nossas comunidades e das nossas sociedades”, sublinhou.
Para António Guterres, não faz sentido que existam, em várias partes do mundo, subsídios para a utilização de combustíveis fósseis, porque os subsídios são financiados com o dinheiro dos contribuintes. “Não faz sentido que o nosso dinheiro seja usado para provocar furacões ou para branquear os corais ou para destruir comunidades”, disse.
Segundo o secretário-geral, o fim dos subsídios pode significar um alívio nas contas dos contribuintes, permitindo um maior movimento na economia verde e a criação de empregos decentes. António Guterres afirmou que é possível criar uma estratégia de duplo ganho (‘win-win’) ao combinar acção climática com uma globalização justa.
Novo impulso
Guterres lembrou que há uma grande diferença no diálogo sobre as alterações climáticas nos últimos anos e que a principal fonte de mudança foi a juventude. “Esta alteração no impulso foi em grande parte devido à vossa iniciativa e coragem com que começaram o movimento e transformaram, de um pequeno movimento em frente a um Parlamento […] em milhões de todo o mundo a dizerem claramente que não querem só que os políticos mudem de comportamento, mas que também sejam responsabilizados”, disse António Guterres a todos os jovens.
O secretário-geral falou depois da intervenção de quatro jovens activistas, entre os quais Greta Thunberg, que iniciou o movimento de greve estudantil e acção pelo clima “Fridays for Future” (Sexta-feiras pelo futuro).
Guterres relembrou que há dois anos, quando começou os trabalhos para a Cimeira da Acção Climática, sentia-se muito negativo e pessimista sobre o estado do ambiente e o combate às alterações climáticas, porque “havia uma sensação de apatia e era muito difícil por todos a dialogar” a nível político.
A impressão negativa mudou “de repente” com o impulso pelos movimentos dos jovens. Apesar de o mundo estar em situação “dramática” e crítica em termos de ambiente, natureza e recursos naturais, o secretário-geral destaca o entusiasmo vindo por parte dos jovens.
Desta forma, o português incentivou os jovens a continuarem com o movimento pelo combate às alterações climáticas e as mobilizações em todo o mundo. “Cada vez mais, responsabilizem mais a minha geração. A minha geração tem fracassado até agora em preservar a justiça no mundo e em preservar o planeta”, declarou.