Guillaume Soro, ex-primeiro-ministro da Costa do Marfim, foi condenado, esta quarta-feira, em Abidjan, a prisão perpétua por “colocar em risco a segurança do Estado”.
Guillaume Soro, ex-chefe de governo da Costa do Marfim, que está exilado há dois anos, foi condenado por actos criminosos cometidos no final de 2019.
Para além da sentença de prisão, Guillaume Soro foi ainda obrigado à dissolução do seu movimento político denominado “Gerações e Povos Solidários” devido a “actos subversivos”.
O antigo chefe da rebelião marfinense e outras 19 pessoas próximas foram acusados de fazer um “complô” para derrubar o governo local em Dezembro de 2019, meses antes das eleições presidenciais. Guillaume Soro foi julgado e condenado à distância.
O ex-primeiro-ministro e os seus apoiantes foram acusados de conspiração, tentativa de ataque à autoridade do Estado e divulgação de notícias falsas com o objectivo de desacreditar as instituições.
O seu ex-chefe de protocolo, Souleymane Kamagaté, um ex-ministro, Assoussy Bamba, e o seu ex-chefe de comunicação, Touré Moussa, vão ter de cumprir 20 anos de prisão.
Por sua vez, dois irmãos de Guillaume Soro foram também condenados a uma pena mais reduzida (17 meses de prisão) por “perturbarem a ordem pública”, no entanto, deverão ser libertados em breve, uma vez que estão em prisão preventiva desde Dezembro de 2019.
Nas redes sociais, o ex-chefe de Estado já se pronunciou sobre a decisão. O político “rejeita totalmente o veredicto” e defende que a justiça está a engendrar um plano contra ele.
Recorde-se que em Abril de 2020, o antigo chefe da rebelião marfinense já tinha sido condenado a 20 anos de prisão por peculato, desvio de dinheiro público e branqueamento de capitais. O ex-primeiro-ministro terá usado o dinheiro para adquirir uma propriedade do Estado quando ainda se mantinha em funções no governo.
Guillaume Soro foi, uma vez mais, condenado à revelia, uma vez que não marcou presença no julgamento.
De referir que o ex-primeiro ministro foi líder da rebelião marfinense que controlou a metade norte da Costa do Marfim na década de 2000. Na altura, ajudou de forma militar Alassane Ouattara a chegar ao poder contra o presidente Laurent Gbagbo.
Depois desta vitória, tornou-se o primeiro chefe de Estado do governo, tendo sido, posteriormente, nomeado presidente da Assembleia Nacional, em 2012, cargo que ocupou até 2019. Os dois desentenderam-se pela alegada ambição de poder presidencial de Guillaume Soro.