O ex-presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, pretende criar um novo partido, assumindo a rutura com o seu antigo partido, o FPI, e o atual líder deste, Pascal Affi N’Guessan.
O anúncio, foi feito nesta segunda-feira 9, no final de uma reunião do comité central da Frente Popular da Costa do Marfim, partido fundado em 1982 por Laurent Gbagbo e atualmente liderado por N’Guessan, confirmou um ‘divórcio’ cada vez mais visível entre os dois políticos, com a saída do ex-chefe de Estado das fileiras do FPI.
O ex-presidente, que regressou à Costa do Marfim em 17 de junho, após ter sido absolvido de crimes contra a humanidade pela justiça internacional, dirigiu palavras duras ao seu antigo aliado e amigo.
O FPI, o “nosso único instrumento de luta política é confiscado por Affi N’Guessan e, apesar das muitas iniciativas para argumentar contra, ele apoia-se naquilo que considera a ‘legalidade'”, destacou Gbagbo, citado num comunicado de imprensa do FPI, após a reunião dos seus órgãos sociais.
“Laurent Gbagbo tomou nota da vontade e insistência de Affi N’Guessan em fazer refém o FPI, atropelando assim os anos de sacrifício dos militantes do partido”, pode ler-se.
A nota de imprensa acrescenta ainda que o ex-presidente não pretende travar uma batalha jurídica e “por isso propõe a criação de um novo instrumento de luta”.
Agora, deverá ser formada uma comissão preparatória de um congresso para a constituição do novo partido de Laurent Gbagbo, a ter lugar em outubro, revelou fonte do FPI citada pela AFP.
“Ao desejar criar um novo partido que não o FPI, Laurent Gbagbo assume a transformação histórica da vida política na Costa do Marfim.
O FPI acabou por dividir-se em dois após a crise de 2010-2011, na sequência da recusa de Gbagbo em reconhecer a derrota presidencial contra Alassane Ouattara, e que deu origem a um conflito que causou mais de três mil mortes.
E acrescentava que o partido “lutará com todas as suas forças contra o culto da personalidade e a autocracia, o caminho para a ditadura”.
Laurent Gbagbo foi detido e processado perante o Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, na sequência da crise pós-eleitoral que se seguiu às eleições presidenciais realizadas no final de 2010, antes de ser finalmente absolvido, em março, e ter regressado à Costa do Marfim em 17 de junho.
Desde o regresso, o ex-presidente tem-se desdobrado em encontros, e em 27 de julho, o Presidente Alassane Ouattara e o seu antecessor e rival reuniram-se numa reunião histórica considerada fundamental para o processo de reconciliação nacional na Costa do Marfim.