Os Estados Unidos alcançaram nesta quinta-feira (21) 38,6 milhões de pedidos de auxílio-desemprego desde meados de Março por causa da pandemia e, segundo o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, a economia americana muito provavelmente precisará de uma nova injecção de recursos do governo federal.
O Departamento do Trabalho informou que outros 2,43 milhões de pessoas fizeram uso do seguro-desemprego na semana de 10 a 16 de maio, aumentando o total de desempregados nas últimas nove semanas para uma alta antes vista no país por causa da suspensão das actividades para conter a propagação do novo coronavírus.
Porém, as perdas semanais de empregos poderiam chegar a 4,7 milhões, se somados os 2,22 milhões de beneficiados do programa de Assistência Federal de Desemprego para a Pandemia, direccionado aos autónomos que não se qualificariam para o benefício.
Outras informações publicadas nesta quinta mostraram que as vendas de imóveis usados nos EUA sofreram um colapso em Abril, e que a actividade manufactureira na região nordeste do país melhorou, apesar do mínimo dos últimos 40 anos registado no último mês.
Em meio aos planos do governo americano para a reabertura económica, Mnuchin apresentou a possibilidade de uma nova injecção de recursos.
“Acho que há uma forte probabilidade de que precisaremos de outra lei”, além dos US$ 3 triliões aprovados pelo Congresso, que já estão sendo usados para impulsionar a economia, ressaltou Mnuchin.
“Vamos revisar (o plano económico) cuidadosamente nas próximas semanas e dizer muito claramente como precisaremos gastar mais dinheiro e se precisaremos”, disse o secretário, em um evento promovido pela publicação The Hill, focada no Congresso.
No entanto, recentemente, Mnuchin rejeitou o novo plano de ajuda de US$ 3 triliões que havia sido aprovado pela Câmara de Representantes (baixa), controlada pela oposição democrata, chamando-o de “projecto de lei partidário”.
“Esse não é o nosso foco agora”, comentou Mnuchin sobre o pacote emergencial na época.
A nova legislação proposta pela oposição inclui US$ 1 trilião para governos estaduais e locais, uma outra rodada de pagamentos para milhões de famílias americanas afectadas pela COVID-19, fundos direccionados para hospitais, pagamento para profissionais da saúde e ajuda para pequenas empresas impactadas pela crise gerada pela pandemia.
Tratam-se de medidas que muitos economistas têm solicitado.
O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, disse nesta semana que uma ajuda emergencial adicional poderia ser necessária, argumentando que, apesar do custo, valeria a pena caso o pacote económico pudesse evitar um maior colapso económico.
Segundo Powell, a COVID-19 é “um forte, forte golpe”, quando a situação económica era “fascinantemente boa há alguns meses”.
“Levará tempo, mas o principal é que temos que seguir adiante, rapidamente estaremos perto da recuperação, progredindo e voltando para o ponto onde estávamos”, prometeu durante uma videoconferência realizada com líderes comunitários em todo o país.
“Sempre terão o nosso apoio”, garantiu o presidente do Fed.
Desde o início da pandemia, o Fed já cortou a taxa de juros a quase zero e injectou biliões de dólares no sistema financeiro americano, em programas destinados a apoiar pequenas e médias empresas e para ajudar os governos estaduais e locais no país.
Mnuchin ressaltou que ainda teria muito tempo para decidir sobre uma nova rodada de injecção de recursos, já que parte dos fundos previamente aprovados ainda serão inseridos na economia.
– “Aumento dramático” –
Os pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos parecem ter ultrapassado o pico no final de Março, mas os economistas estimam que a situação real é provavelmente pior do que os números indicam, considerando os muitos que ainda não se qualificaram para o benefício.
“O aumento dramático nos pedidos de auxílio-desemprego está diminuindo, mas ainda é maior do que qualquer outro período”, escreveu no Twitter a especialista em mercado de trabalho da ONG Centro para Crescimento Equitativo, Kate Bahn, observando que esse último número foi três vezes maior do que o registado antes da pandemia.
Os dados desta semana estão um pouco acima das expectativas dos analistas e abaixo dos números da semana anterior, que foram revisados para 2,6 milhões.
Mas permanece bem acima de qualquer semana durante a crise financeira global de 2008, e se assemelha mais à perda de empregos durante a Grande Depressão, há quase um século.
O secretário do Tesouro reconheceu que no segundo trimestre o PIB “obviamente será terrível” por causa das medidas para conter a COVID-19, mas espera ver uma recuperação “gigantesca” do crescimento económico no quarto trimestre.