As autoridades etíopes desencadearam , nos últimos três dias, uma operação em larga escala, que levou já à detenção de mais de 4.500 pessoas, incluindo jornalistas e activistas, sob pretexto de “proteger os civis e garantir a sobrevivência da nação”.
A acção concentrada no Estado de Amhara, Noroeste da Etiópia, apelidada de “Operação de Aplicação da Lei”, entrou em vigor após a administração do Primeiro-Ministro Abiy Ahmed, ter anunciado, na passada sexta-feira, a necessidade de “proteger os cidadãos e assegurar a sobrevivência da nação”.
Ontem, as autoridades de segurança de Amhara anunciaram ter detido mais de 4.500 pessoas.
Desalegn Tassew, chefe dos Serviços de Paz e Segurança na região, anunciou aos meios de comunicação estatais que as detenções foram efectuadas “para manter a lei e a ordem, lidar com actividades criminosas e livrar-se de inimigos externos”, segundo a Associated Press (AP).
A operação suscitou o alarme de grupos activistas de defesa dos direitos humanos. Tigista Shumye, irmã de um destacado jornalista etíope, Solomon Shumye, disse que este foi detido em casa por civis na sexta-feira. “Eles não estavam dispostos a dizer-nos quem eram. Até a mim me detiveram durante duas horas, só porque sou irmã de um jornalista”, afirmou.
Alguns partidos políticos e meios de comunicação social do país têm acusado o Governo da Etiópia de levar a cabo “raptos”, uma prática a que alguns activistas consideram como uma nova táctica. Segundo alguns activistas em Amhara, o grupo armado Fano, implicado em atrocidades na guerra do Estado vizinho de Tigray, é também alvo desta operação.
A AP dá conta de que alguns jornalistas estão a abandonar o país, em resposta a ameaças e intimidação por parte do Governo e de actores não estatais, tanto através da internet como fora dela. Recentemente, a administração etíope revogou a licença de um jornalista acreditado para trabalhar para a The Economist.